Entrevista

Musk promove ‘desestabilização calculada’ no Brasil, diz pesquisadora

Para Eliara Santana (Unicamp), bilionário Elon Musk atua para espalhar desinformação e atrapalhar o debate público no país. “O Brasil nunca saiu do radar da extrema direita”

X/Reprodução
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Musk se alinha a projeto de poder da extrema direita mundial, afirma Eliara

São Paulo – Os ataques do bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter) às instituições brasileiras dominaram a pauta na última semana. Seus foguetes retóricos tiveram como alvo principalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal (STF). Foi o ministro que, a frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enfrentou a ameaça de desestabilização durante as eleições de 2020. É também o relator do inquérito que investiga as ameaças às instituições e a tentativa de golpe de Estado envolvendo o 8 de janeiro.

Musk ameaçou descumprir decisões judiciais no Brasil, chamou Moraes de “ditador brutal”, que promove a “censura” no Brasil, e disse que o ministro deveria renunciar ou ser afastado. Também espalhou mentiras, quando afirmou, por exemplo, que Moraes atuou para soltar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão. Soltou ainda impropérios, quando disse mentiras, como, por exemplo, que o ministro tem o presidente da República “na coleira”.

Houve reação. Moraes determinou a inclusão do bilionário no mesmo inquérito que investiga os bolsonaristas. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou que o Brasil travou recentemente “uma luta de vida e morte” pela democracia, e lembrou que cabe recorrer de decisões judiciais, mas nunca jamais descumpri-las deliberadamente. Lula afirmou que o empresário – também dono da Tesla, da Starlink e da SpaceX – “nunca plantou um pé de capim” no país.

À frente do Senado, Rodrigo Pachego (PSD-MG) reforçou a necessidade urgente de regulamentação das redes sociais. Por outro lado, destoando completamente, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), mandou arquivar o projeto sobre o tema – conhecido como PL das Fake News – que tramitava na Câmara, e assim optou por reiniciar do zero a discussão.

Ao mesmo tempo, a investida de Musk serviu para recarregar as baterias das bases bolsonaristas. Por exemplo, chamou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de “homem corajoso” por ter xingado Lula de “ladrão”. Numa das cenas mais pitorescas, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) fez discurso em inglês na para convidá-lo a participar de uma audiência pública na Senado.

Confusão, desinformação e desordem

Para a jornalista Eliara Santana, pesquisadora associada do Centro de Lógica, Epistemologia e Historia da Ciência da Universidade Estadual de Campinas (CLE/Unicamp), integrante do projeto Pergunte a um/uma cientista, os ataques de Musk ao Brasil fazem parte de uma estratégia deliberada de desestabilização. E seguem a cartilha de Steve Bannon, ex-assessor do ex-presidente Donald Trump e ideólogo da extrema direita mundial.

“Não é uma birra de um bilionário que não tem o que fazer e que de repente olhou para o Brasil e para o Alexandre de Moraes e resolveu procurar uma briga. De forma nenhuma. É uma desestabilização calculada. São estratégias para desestabilizar o funcionamento institucional. E desestabilizar individualmente alguns atores que são muito importantes no nosso funcionamento democrático”, afirma a especialista

Um dos objetivos, segundo ela, é fortalecer o “ecossistema de desinformação” que vem operando no Brasil, desde ao menos as eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro foi alçado à presidência. Nesse sentido, o Brasil é também uma espécie de “laborátório” para a criação de uma realidade paralela alimentada pela extrema direita global. Ao mesmo tempo, com a vitória de Lula em 2022, o país também passou a ser uma espécie de “bastião” contra o avanço dessas forças políticas.

De acordo com a pesquisadora, um das tarefas e desafios das forças progressistas brasileiras é justamente explicar para o grosso da população a maneira como esses grupos – agora eletrificados por Musk – deformam e manipulam o conceito de liberdade de expressão.

“Nós, do campo progressista, deveríamos ser capazes de fazer esse enfrentamento. De mostrar o que é, de fato, liberdade de expressão. Mas não há consenso nem entre nós, eu diria. Porque há algumas interpretações muito enviesadas”.

Ao mesmo tempo, é preciso não cair na armadilha. Enquanto Musk esbraveja nas redes sociais, o Brasil vem conquistando avanços importantes na economia, mas não recebem a atenção devida no debate público. Também enfrenta um aumento vertiginoso dos casos de dengue, enquanto as vacinas estão encalhando nos postos de saúde. É esse é justamente o jogo da extrema direita, embaralhar a realidade e causar a desorientação, promovendo o medo e o ódio no seio da sociedade, aprofundando ainda mais a divisão.

Por que o Brasil entrou na mira dos foguetes retóricos de Elon Musk? Trata-se de um arroubo de um bilionário excêntrico ou uma estratégia articulada para desestabilizar a democracia brasileira? Ou ainda poderia ser uma espécie de armadilha? 

De maneira nenhuma, não é apenas um arroubo de um bilionário excêntrico. É sim uma estratégia articulada para causar bastante instabilidade ao funcionamento institucional brasileiro e à democracia brasileira. E essa estratégia provocativa faz parte da cartilha do Steve Bannon, guru da extrema direita e de Trump, e também do Olavo de Carvalho. Se pensarmos um exemplo muito interessante do funcionamento dessa cartilha, era o modo de ação do MBL, que é essa provocação para causar instabilidade.

É uma provocação focada em pontos que são importantes, não são pontos aleatórios que Musk levanta. Ele vai em pontos que já estão no cenário, no contexto. Traz de volta uma ideia enviesada de censura, traz de volta à cena uma ideia enviesada de liberdade de expressão. Um conceito completamente enviesado e torpe de liberdade de expressão, de defesa da liberdade de expressão, como a extrema direita diz. Então, de fato, não é uma birra de um bilionário que não tem o que fazer e que de repente olhou para o Brasil e para o Alexandre de Moraes e resolveu procurar uma briga. De forma nenhuma. É uma desestabilização calculada. São estratégias para desestabilizar o funcionamento institucional.

E desestabilizar individualmente alguns atores que são muito importantes no nosso funcionamento democrático. Não tenho dúvida em relação ao papel do ministro Moraes em relação a esse processo. Ainda que futuramente caiba discutir esses pontos, algumas questões – sim, claro, estamos numa democracia, por ora. Mas nesse momento o papel dele, do STF e do TSE foram fundamentais nas eleições de 2022. E o papel dele está sendo importantíssimo, já que é quem conduz o inquérito das milícias digitais, que é um inquérito muito detalhado. Já li o inquérito e é uma peça muito importante e muito bem fundamentada, que vai no ponto desse ecossistema de desinformação. É sobre isso que estamos falando, não são atores deslocados, enlouquecidos, que não têm o que fazer e de repente vão para o Twitter e começam a disparar alguns temas. Trata-se de uma ação calculada e estratégica. 

Um segundo ponto, é que o Musk, também nessa estratégia, nessa articulação, contribuiu para consolidar narrativas de que há censura no Brasil, de que o Poder Judiciário está censurando alguns grupos, porque esses grupos defendem a liberdade de expressão. Como disse, eles utilizam um conceito bastante torpe, enviesado, completamente reformulado de liberdade de expressão. Então essa ação dele consolida essas narrativas. Elas voltam com muita força, porque afinal de contas, é o dono do X (ex-Twitter) que está falando sobre isso. Então, isso tem um peso. 

Nesse ecossistema de desinformação, os que estão na base para disseminar e produzir narrativas se mobilizam imediatamente. Estão muito mobilizados, veja por exemplo o Nikolas Ferreira, que está com uma ação contundente nas redes sociais. Poderia citar outros atores, mas não vem ao caso. 

Ao mesmo tempo, isso é tão articulado, essa estratégia está tão articulada, que Jair Bolsonaro não falou absolutamente nada sobre o assunto. Ele está em campanha, o acompanho nas redes sociais, tenho esse desprazer, faço como pesquisadora. Todos os dias as postagens são relativas a viagens, a contatos com grupos e sindicatos. Este é um ano eleitoral importantíssimo para o Brasil e para o mundo. Metade da população mundial vai às urnas este ano. 

A gente precisa lembrar que Elon Musk cortou muito mais da metade das equipes que cuidavam da desinformação em relação às eleições. Então ele, de fato, não está preocupado com desinformação, nem com liberdade de expressão. Esse está sendo um problema sério na Índia, no Brasil e no mundo. Porque a extrema-direita está avançando. E está avançando com o suporte fundamental desse ecossistema de desinformação que tem nas plataformas sem controle um grande, um imenso apoio.

Na verdade, o Brasil nunca saiu do radar da extrema direita. Por quê? Primeiro porque o Brasil foi um grande laboratório, a partir de 2018, com a campanha e eleição de Bolsonaro. O nosso país se consolidou como um grande laboratório. Consolidou-se um ecossistema de desinformação durante os anos Bolsonaro, de uma forma muita capilarizada. É um ecossistema robusto, extremamente bem articulado, e que está em funcionamento. Não se enganem, ele não parou de funcionar com a derrota nas últimas eleições. 

E o Brasil foi, de fato, um laboratório de produção de realidade paralela. O que nós vivenciamos durante a pandemia, durante as eleições e continuamos experimentando agora é, de fato, esse funcionamento de um laboratório de realidade paralela. Um exemplo é a questão da vacina, poderíamos citar muitos outros. Mas um país que sempre teve orgulho, que tinha um calendário vacinal impecável que as pessoas cumpriam, agora tem de fazer campanhas reiteradas. A vacina contra a dengue, por exemplo, está encalhada nos postos. As pessoas não procuram. Houve uma queda, há dados e pesquisas mostrando isso. Isso é fruto do funcionamento desse ecossistema. Então o Brasil, pela sua riqueza, diversidade, pluralidade, é um grande laboratório de produção de uma realidade paralela. 

Fazendo algumas entradas em geopolítica – que fique claro que não sou especialista –, o Brasil é neste momento esse bastião, o lugar de uma derrota importante da extrema direita. Porque a extrema direita mundial estava de olho nas eleições de 2022. A reeleição de Bolsonaro naquele momento seria importantíssima. Como será importante, determinante, a possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos este ano que, espero estar muito errada, mas acho que vai ocorrer.

Então o Brasil nunca saiu, está sempre na mira da extrema direita, porque é um país importantíssimo, sem dúvida, para esse projeto se consolidar muito fortemente. E o ecossistema que se consolidou aqui, promove esse projeto. 

Nesse sentido, avalia que há interesses econômicos por trás dessa investida? Ou o embate se dá apenas no âmbito do discurso político?

Sempre há interesses econômicos. Não consigo desconectar o político do econômico. É um projeto de poder. Então, claro, há interesses econômicos nessa investida do Musk. Há porque o Brasil está afirmando que tem uma parceria imensa com a China, que está se ampliando e consolidando. A chinesa BYD, de carros elétricos, comprou o polo de Camaçari onde estava a fábrica da Ford. Já superou mundialmente a produção da Tesla. Não descarto de forma alguma que há interesses econômicos.

Mas, na minha opinião, o que move essa ação de Elon Musk não é puramente o interesse econômico. É muito mais um projeto de poder alinhado à extrema direita. Porque Musk sempre se posicionou nesse sentido, no apoio a Trump e a esses extremistas. Então não apostaria simplesmente num projeto econômico. Porque senão, a entrada seria outra. A tentativa de desestabilização se daria por outras frentes. 

Então atacando sobretudo o ministro Alexandre de Morais, figura importantíssima nesse processo todo que estamos vivendo, atacar essa figura em pontos-chave, em questões-chave, que mobilizam essa base contra ele, e contra o Supremo. Então não me parece ser uma estratégia econômica. De fato se alinha a um projeto de poder político, no sentido mais amplo, da extrema direita mundial. 

É apenas blefe ou prevê consequências concretas? Ameaçou reabilitar os perfis de extremistas banidos, mas até agora apenas Allan dos Santos retornou com selo dourado à sua plataforma. 

Não acredito em blefe apenas. Claro, existe uma grande verborragia de Musk. Ele não vai fazer tudo o que ele ameaçou, claro que não. Mas a construção de narrativas e as estratégias para causar instabilidade funciona dessa forma. Você vai lançando muitos temas, fala várias coisas, traz temas à cena política. Claro que ele não vai fazer tudo. Ele sabe muito bem das consequências e onde pode ser atingido.

Ele reabilita, por exemplo, Allan dos Santos, que está intocável nos Estados Unidos. E que foi em 2018, e continuou sendo de lá, uma figura central para a criação dessa narrativa e para essa disseminação, essa contaminação das bases. Funciona desse modo, essa retroalimentação é potente. Porque ela não envolve só a tia do zap. Claro que não. Ela é feita de modo articulado, envolve grande atores que têm bases representativas. Esses atores se mobilizam, e essa retroalimentação acontece. Eles passam a retransmitir e fazer circular essas narrativas. Ou seja, o Brasil está a mais de uma semana discutindo esse ponto, quando o Congresso enterrou o PL 2630, o chamado PL das fake news. De novo, essa mobilização, essa articulação, ela impede e trava o debate público. E cria, sim, instabilidade. E é esse o objetivo. 

Ele chegou inclusive a utilizar todo o arsenal retórico dos extremistas, com a fake news de que Moraes interferiu nas eleições e baixando o nível, dizendo que o ministro tem Lula na “coleira”. Como explicar que o conceito de liberdade de expressão não abarca o direito de mentir e atacar as instituições?

Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Nós, do campo progressista, deveríamos ser capazes de fazer esse enfrentamento. De mostrar o que é, de fato, liberdade de expressão. Mas não há consenso nem entre nós, eu diria. Porque há algumas interpretações muito enviesadas. Cito o livro Liberdade de Expressão: as várias faces de um desafio (Paulus Editora), dos professores Juarez Guimarães (UFMG) e Venício de Lima (UnB). É uma obra imprescindível para entender esse conceito e o que ele abarca. Porque não é a liberdade de dizer tudo, de fazer tudo. Não é assim que funciona.

Então é uma discussão que deveríamos estar puxando. Deveríamos estar promovendo programas, debates e discussões sobre o que, afinal, significa liberdade de expressão. E deveríamos ser capazes de comunicar isso ao grosso da população. A extrema direita está fazendo isso. Com um enviesamento do conceito, com uma ressignificação horrorosa, transformando o conceito em algo torpe, que justifica discurso de ódio, por exemplo. Então precisamos fazer isso. Há muito tempo venho alertando, falando que a extrema direita estava tomando o conceito de liberdade de expressão, requentando e entregando um conceito completamente disforme. E que isso seria um problema, que deveríamos atacar. Enfim chegou esse momento do problema. Então me parece que é urgente discutir isso, é essencial. 

O analista Pedro Barciela registrou que, desde o início dos ataques, PT, PSOL, PC do B e Rede perderam seguidores em bloco. Ao mesmo tempo, todos os parlamentares de extrema-direita ganharam seguidores no mesmo período. É possível falar em liberdade de expressão quando o algorítimo do “parquinho” controlado por Musk não é neutro? 

O ponto aqui para nós pensarmos é que essas narrativas, a circulação dessas narrativas, esses movimentos estão sendo efetivos. E eles estão tocando, falando e comunicando algo para as pessoas, e elas estão passando a seguir esses parlamentares de extrema direita, que falam sobre esse ponto. Porque, no geral, as pessoas têm muito medo do controle, quando ele se apresenta explicitamente. 

Então quando se diz que um ministro do Supremo está causando censura, está proibindo, não está deixando alguns parlamentares falarem, isso cria uma certa comoção. Então esse movimento que o Barciela aponta comprova a efetividade dessa estratégia, de causar instabilidade e promover essas narrativas. 

De novo, esse movimento encobre o debate público, inviabiliza o debate público. Estamos em um momento em que a economia brasileira está crescendo. A renda aumenta, a inflação desacelera e o desemprego cai em um ano. Então há uma recuperação importantíssima para a vida das pessoas, e isso não está sendo discutido.

Nós estamos com um aumento, um número imenso de casos de dengue. E as vacinas estão encalhadas nos postos de saúde. Isso não está na pauta, não está sendo debatido. Então, o que parece uma treta, algo casual, uma birra de um bilionário excêntrico, não é. É uma articulação que desestabiliza o funcionamento institucional, que interdita o debate público. E é estratégico. Essa é a estratégia, e está sendo vitoriosa. 

Diante disso, figuras do campo progressista, como artistas, intelectuais e jornalistas, anunciam a saída do X. Seria esse justamente um dos objetivos de Musk, transformar o X numa plataforma eminentemente habitada por extremistas? 

Não consigo pensar muito nisso, porque esse é um movimento localizado aqui no Brasil. Não pensei sobre isso, mas me parece que não. Ela já é uma plataforma habitada por extremistas, com ou sem o campo progressista. Não é que ela é habita por extremistas, ela faz circular, dá todo o suporte para que circulem as narrativas dos extremistas de direita. O Twitter já é essa plataforma. E com Musk, isso se consolidou. De fato, não penso por esse caminho. Eu continuarei na plataforma, porque preciso ver o que acontece por lá. Na minha tese, pesquisei o Jornal Nacional, nunca desliguei a Rede Globo. Sigo assistindo, sigo acompanhando todos os movimentos. Inclusive agora segurando a pauta econômica. Do mesmo modo, seguirei no Twitter. 

Como um dos importantes desdobramentos, você chegou a destacar a mobilização dos principais atores políticos sobre a urgência em discutir a regulação das plataformas. Na contramão, o presidente da Câmara jogou no lixo o  Projeto de Lei 2.630/20, conhecido como PL das Fake News, reiniciando e retardando a discussão. Ele participa dessa articulação em favor dos extremistas para desestabilizar a democracia? 

De fato, essa ação do Musk trouxe à tona de novo a discussão sobre o PL 2630. Colocou de novo na pauta, o JN deu um bloco inteiro sobre esse tema, sobre as investidas de Elon Musk e a necessidade de regulação e o PL das Fake News. Lira em si já é um fator desestabilizador. Não acredito que ele está em favor dos extremistas e por isso retirou o PL. Ele sempre se manifestou contra. Porém, não há dúvidas que ele está e sempre esteve alinhado ao bolsonarismo. E ele está ali para disputar poder e garantir poder. Vamos lembrar novamente, estamos em ano de eleições municipais. Isso é ouro para o Congresso, é um ano importantíssimo para deputados e senadores.

Então ele retira o PL 2630, com o argumento de que estava muito polarizado, ideologizado. Ou seja, efetivamente, não explica nada. São lugares-comuns de discurso apenas. E deve seguir nessa toada. Ele propôs um grupo para começar a discutir do zero. Em ano de eleição, não vai discutir absolutamente nada. Porque essas plataformas, essa mobilização via redes, é fundamental para todos esses parlamentares. Não tenhamos dúvidas, nesse processo eleitoral, isso vai ser fundamental. Então as redes sociais terão um peso imenso, no Brasil e no mundo. 

Recente na Universidade de Nova York, um grupo produziu um relatório falando desse poder, que neste ano as redes sociais terão mais peso do que a Inteligência Artitifical (IA) para conduzir ou disseminar informação. Aposto nisso também. As redes sociais são um fenômeno para a disseminação de desinformação e para a construção desse tipo de narrativa.

E de novo, não é nada aleatório. Não é o tio e a tia do zap, não são as pessoas individualmente que promovem a disseminação de desinformação. Isso é um ecossistema muito bem articulado, que dialoga com grupos religiosos, esse ponto é importantíssimo. Faz também uma ponte, uma ligação com o sistema tradicional de mídia, ou parte dele. Então é um ecossistema pujante, que está em funcionamento. A gente precisa pensar nisso.