Racha à vista?

Moro se filia ao União Brasil e deve ser candidato a deputado federal

ACM Neto, um dos líderes do partido, colocou desistência de candidatura ao Planalto como condição para receber Moro. Como deputado, ex-juiz ganha foro privilegiado para se defender de crimes cometidos na Lava Jato

Arquivo pessoal/Redes sociais
Arquivo pessoal/Redes sociais
O ex-juiz Sergio Moro exibe ficha de filiação ao União Brasil, ao lado do deputado Júnior Bozella

São Paulo – O ex-juiz Sergio Moro deixou o Podemos, ao qual se filiou em novembro do ano passado, e assinou hoje (31) sua filiação ao União Brasil. O partido é resultado da fusão de PSL e DEM. Mesmo confirmando a informação, o vice-presidente do partido em São Paulo, deputado federal Júnior Bozzella, não cravou que ele será candidato à Câmara dos Deputados. “O Sergio assinou a ficha, e agora é a gente somar esforços com relação àquilo que vai determinar o estilo do país”, disse.

Mas é dado como certo que Moro desistiu de disputar a Presidência da República para se candidatar a deputado federal por São Paulo. A quase certeza decorre da informação divulgada pela assessoria do deputado Alexandre Leite (União Brasil) e, segundo o jornal O Globo, confirmada “pela equipe de comunicação do ex-ministro”. Leite disse que “Moro vem para o União com a expectativa de ser um dos deputados mais votados da história do país”. “Daremos todas as condições para isso”. 

“Soldado”

Outro dado levado em conta é a posição do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, secretário-geral do União Brasil, e pré-candidato ao governo da Bahia. ACM Neto é o principal líder do União Brasil entre os oriundos do DEM. Ele colocou como condição para receber Moro no partido que o ex-juiz desistisse de concorrer ao Planalto. ACM Neto teria ficado incomodado com as declarações ambíguas de Junior Bozzella. Luciano Bivar, que era do PSL, preside a nova legenda.

Já Bozzella declarou que Moro chega ao União Brasil para ser um “soldado”. “Ele é um filiado como outro qualquer. Ele foi muito humilde, muito singelo no sentido de se colocar como um soldado do União Brasil. Aquilo que o União Brasil decidir, onde ele possa atuar em benefício do povo paulista e do povo brasileiro”, disse o parlamentar.

Sem “plausibilidade política”

Antes mesmo de Moro anunciar sua filiação ao Podemos (em 10 de novembro de 2021), Roberto Amaral, ex-presidente do PSB, avaliava que uma candidatura do ex-juiz à Presidência da República não tinha “plausibilidade política” e não decolaria. Na ocasião (em 6 de novembro), Amaral disse à RBA que o nome de Moro seria “eleitoralmente inviável”, inclusive porque não há espaço no eleitorado para duas candidaturas no campo político dominado por Jair Bolsonaro.

Em busca de foro

Em tuíte de dezembro passado, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) antecipou que Moro desistiria da candidatura à Presidência da República quando concluísse definitivamente que seu nome não decolaria nas pesquisas. Ainda segundo o parlamentar, a decisão de concorrer a uma vaga na Câmara também se dá porque, se ficar sem nenhum mandato, o ex-ministro de Jair Bolsonaro vira um “cidadão comum” e pode ser alvo de ações em primeira instância pelos crimes que cometeu contra Lula na Operação Lava Jato. Na condição de deputado, porém, Moro só poderá ser réu em processos abertos pela Procuradoria Geral da República e julgado apenas pelo Supremo Tribunal Federal.

A advogada Rosangela Moro, mulher do ex-juiz, também transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo e filiou-se ao Podemos. Como o marido, ela pode disputar cargo eletivo, possivelmente a deputada estadual, caso Moro confirme candidatura a federal no estado.


Leia também


Últimas notícias