Luta legítima

Ministro da Agricultura defende ações legítimas do MST e a reforma agrária

“É legitimo a luta pela terra e pelos meios legais, por óbvio. Tenho muitos amigos que são do MST e tenho muito respeito por eles”, disse Carlos Fávaro

Lula Marques/ABr
Lula Marques/ABr
CPI organizada pela extrema direita, tenta, sem sucesso, criminalizar os movimentos de luta pela Reforma Agrária

São Paulo – O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, disse hoje (17) considerar legítimas as reivindicações do movimento pró-reforma agrária. Ele defendeu, abertamente, ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Ele prestou depoimento como convidado na CPI do MST. A comissão, organizada pela extrema direita, tenta, sem sucesso, criminalizar os movimentos de luta pela reforma agrária.

Embora o apoio expresso, Fávaro lembrou que as ocupações são constitucionais e devem respeitar a função social da propriedade. “O direito à propriedade e o direito de ter o sonho da terra são legítimos”, disse. “Você manifestar, reivindicar, protestar, você pode ir em um órgão público, reivindicar uma terra devoluta. Porém, a invasão de terra privada, de prédio público, eu já declarei isso diversas vezes que não concordo”, acrescentou.

Ele destacou que se opõe à ocupação de propriedades particulares e prédios públicos. Ainda durante a audiência, Fávaro forneceu esclarecimentos a respeito das medidas tomadas por seu ministério. “Se o movimento achar que ele deve ocupar, ele deve ser responsável pelas suas consequências. Eu não posso dizer o que o movimento deve ou não fazer”, afirmou.

Quando questionado pelo relator da comissão, bolsonarista investigado por comércio ilegal de madeiras, Ricardo Salles (PL-SP), sobre as ocupações promovidas pelo MST, as quais ganharam intensidade em abril, o ministro salientou que o movimento tem o direito de utilizar ocupações como forma de chamar a atenção da sociedade e do governo para questões ligadas à distribuição de terras. Fávaro também destacou que o governo está ativamente debatendo o assunto e mencionou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou interesse em retomar a implementação da Reforma Agrária.

A audiência

Fávaro expressou sua insatisfação com a data escolhida para prestar os esclarecimentos, alegando que isso prejudicou importantes reuniões em sua agenda. Entre os compromissos afetados estava um encontro com uma delegação do Japão, que estava trabalhando em um projeto de apoio à revitalização de pastagens degradadas em áreas agricultáveis no Brasil, bem como uma reunião com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, onde os empresários do agronegócio estão lidando com problemas devido à estiagem causada pela crise climática.

Quando interrogado pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) sobre uma declaração na qual mencionou ter amizades dentro do MST, Fávaro reiterou sua afirmação de ter um relacionamento positivo com o movimento. “Tenho grandes amigos no MST, conheço muita gente boa, que luta pela terra, que sonha em ter um pedaço de terra e aqui faço um comparativo: é legitimo a luta pela terra e pelos meios legais, por óbvio. Tenho muitos amigos que são do MST e tenho muito respeito por eles”, disse.

Ainda durante a CPI, o deputado Marcon (PT-RS) reforçou o caráter de circo em que a extrema direita tenta transformar a CPI. “A ‘brabeza’ de vocês estamos entendendo. O Supremo Tribunal Federal (STF) mandou prender mais de 10 da ação dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Na CPMI, estão caindo portas e janelas. Por isso o nervosismo”, disse, ao lembrar o depoimento bombástico do hacker Walter Delgatti, que imputou crimes diretamente a bolsonaristas e ao próprio ex-presidente extremista.


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