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Mentiras de Wajngarten na CPI da Covid repercutem nas redes. ‘Tinha que sair preso’

Wajngarten caiu em contradições e foi desmascarado durante a CPI. Por suas mentiras, senadores pediram sua prisão, enquanto bolsonaristas organizaram uma barreira de defesa

Agência Senado
Agência Senado
As mentiras de Wajngarten visaram, não apenas defender sua atuação, mas também defender o presidente Jair Bolsonaro

São Paulo – O dia na CPI da Covid foi marcado pela sucessão de declarações desmentidas do ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fábio Wajngarten, em seu depoimento. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a alertar para a necessidade de prender Wajngarten. Depondo na condição de testemunha, o ex-secretário de Bolsonaro deve seguir o juramento constitucional de falar a verdade. O descaso com a lei provocou uma série de reações nas redes sociais.

As mentiras de Wajngarten visaram não apenas defender sua atuação à frente das políticas de comunicação do governo, mas claramente também defender Jair Bolsonaro. Sua condução à frente da pandemia é apontada como responsável pela situação de calamidade da covid-19 no país. São mais de 425 mil mortos desde o início do surto, em março de 2020. A situação de quase prisão de Wajngarten fez com que a “tropa de choque” bolsonarista entrasse em ação para atrapalhar os trabalhos.

‘Comportamento de milícia’

“A piada pronta do dia: Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) apareceu na CPI falando de honestidade”, disse o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Ele fez referência à presença do senador filho do presidente, que não é membro da CPI, mas compareceu à reunião já no final do expediente. O senador, que responde a processos por corrupção em sua passagem pela Assembleia Legislativa do Rio, tentou criar confusão conceitual entre verdade e opinião, para afirmar que Wajngarten não estava mentindo. Além disso, chamou Renan Calhaeiros de “vagabundo” e passou para xingamentos mais pesados.

O senador Humberto Costa (PT-PE), que é membro da CPI, disse em uma rede social que a cena de Flávio foi “inadequada”. “Às pressas para defender o aliado ameaçado de prisão pela CPI, o filho Zero Um do presidente entra na comissão para agredir o relator. É algo absolutamente inaceitável, que só encontra amparo em comportamento de milícia.”

Os xingamentos contra o relator da CPI também foram alvo de um comentário da bancada do PT no Senado, de forma coletiva. “Filho de Bolsonaro acaba de quebrar o decoro parlamentar e agride verbalmente o relator da CPI da Covid. Temperatura esquenta e o presidente da comissão suspende o depoimento até o fim das votações no plenário do Senado.”

Outra bolsonarista que tentou tumultuar a CPI foi a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela invadiu o auditório em que se realizava a sessão da comissão, em demonstração do nível de preocupação dos mais próximos ao presidente com os depoimentos . “O desespero é tanto que a tropa de choque do governo resolveu usar a tática mais antiga para atrapalhar a CPI: mais cedo a Zambelli foi tumultuar o intervalo, agora foi a vez do Flávio Rachadinha berrar no microfone”, disse a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP).

Prisão

Além de Renan, outros senadores também pediram que o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), aceitasse dar voz de prisão ao depoente. Entretanto, o presidente tentou amenizar a situação, e alegou que assim estaria “salvando a CPI”. Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) discordou da postura do presidente. “Fabio Wajngarten tem que sair preso da CPI. Há estado flagrancial configurado! Cúmplice de Bolsonaro, ele mentiu e omitiu a verdade sobre a criminosa gestão que tem no Planalto o principal aliado do coronavírus! O Senado Federal não pode se apequenar!”, disse.

Com a negativa de Aziz para a prisão de Wajngarten em flagrante, a oposição pediu então que o Ministério Público Federal (MPF) investigue o ex-chefe da Secom. Entre as mentiras apontadas, o bolsonarista disse que não trabalhou em março de 2020, quando estava afastado por suspeita de covid e o governo divulgou uma peça publicitária que incentivava aglomerações. “Fábio Wajngarten disse na CPI da Covid não ter trabalhado enquanto esteve com covid-19, em março de 2020. No entanto, em live com Eduardo Bolsonaro no período, ele confirmou estar trabalhando sim e, também, aprovando peças publicitárias”, relatou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).

Mais mentiras

Outra mentira desmascarada no ato tem relação com uma entrevista concedida à Revista Veja. Na ocasião, ele havia dito que negociações de vacinas com a Pfizer não deram certo por “incompetência do Ministério da Saúde”. Na CPI, ele disse que não. Entretanto, a Veja publicou a íntegra dos áudios de Wajngarten. “AGORA, LASCOU! Veja acaba de divulgar o áudio de Fábio Wajngarten em que ele diz que a negociação com a Pfizer não deu certo por incompetência. Mais uma mentira do ex-secretário de comunicação da Presidência diante da #CPIdaCovid“, disse o líder da minoria no Senado, senador Jean (PT-RN).

A sessão está suspensa sem previsão de retorno. Senadores já falam em convocar novamente Wajngarten para tentar obter mais esclarecimentos.


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