União contra o retrocesso

Marta refiliada ao PT: ‘Estou de volta ao meu aconchego, à minha raiz’

Ex-prefeita afirmou que, ao lado de Boulos, quer transformar São Paulo em “refúgio da lucidez” e “bastião da resistência” contra o bolsonarismo que apoia Ricardo Nunes

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"Vai ser a aliança dos CEUs com a moradia popular", disse Boulos sobre dobradinha com Marta

São Paulo – A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy está de volta ao PT. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela assinou nesta sexta-feira (2) a ficha de filiação, marcando seu retorno ao partido. Após quase uma década, ela volta com a missão de ser vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (Psol), na disputa pela prefeitura da capital. O objetivo, segundo ela, é transformar São Paulo num “bastião” da resistência democrática contra “a direita autoritária” e o “bolsonarismo”, que apoiam a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Emocionada, Marta disse, durante o ato de filiação em São Paulo, que se sente voltando ao seu próprio “ninho”, e que o PT nunca saiu de dentro dela. “Estou de volta ao meu aconchego, à minha raiz”, afirmou a ex-prefeita, que disse que retorna “mais madura e experiente”.

“Estou de volta para caminharmos juntos e mantermos o nosso espírito de luta em defesa da democracia. E como instrumento de composição das diferenças, da pluralidade e respeito às liberdades, hoje tão ameaçadas pelo crescimento da direita autoritária em nosso país. E também para fazermos da nossa cidade o refúgio da lucidez, o marco-zero do respeito e a reserva da dignidade”, afirmou a ex-prefeita.

Nesse sentido, ela afirmou que a cidade precisa voltar a ter um “olhar atento” aos mais excluídos. E defendeu a “união dos mais amplos e diferentes setores democráticos” como forma de pavimentar a vitória nas eleições municipais desse ano.

“Ninguém melhor que Boulos reúne as condições as condições necessárias rumo à reconquista da prefeitura de São Paulo. Juntos, com Lula, vamos vencer. Vencemos Bolsonaro em 2022. Novamente, juntos, vamos vencer o bolsonarismo e seus representantes aqui na capital de novo”, disse a ex-prefeita.

Marta é o ‘Rivelino’ da política, diz Lula

Lula disse que teve uma “intuição” de que o Boulos precisava da Marta para ganhar as eleições em São Paulo. “Boulos é um jovem, uma liderança extraordinária, precisa de alguém que tenha a marca que tem a Marta Suplicy”. Disse que, para ele, a ex-prefeita é como o Rivelino, que foi para o Fluminense, em meados da década de 1970, após se consagrar como ídolo do Corinthians.

“Ele nunca deixou de ser corintiano. E nós, corintianos, nunca deixamos de ver o Rivelino como corintiano. Você é o nosso Rivelino da política. Continua no PT. Por isso foi importante trazer você de volta”, disse Lula a Marta.

O presidente ainda fez uma espécie de autocrítica: “Você deu muito por esse partido. Eu sei quantas reuniões fizemos na sua casa. O PT cometeu erros. E nem todo mundo é obrigado a suportar a quantidade de erros que a gente comete. E você em algum momento, ficou zangada”, disse Lula, relatando que a ex-prefeita defendia o seu nome nas eleições de 2014, vencida pela então presidenta Dilma Rousseff.

Boulos: “aliança dos CEUs com a moradia popular”

Para Boulos, Nunes é “o pior prefeito que já governou São Paulo”. O principal legado da atual gestão municipal, de acordo com ele, “foi dobrar a população em situação de rua e expandir a cracolândia para a cidade inteira, com uma política de violência”. Além disso, citou “aumento de 50%” no tempo de espera para a realização de exames de saúde, e uma crise de segurança “nunca vista”.

Ao mesmo tempo, afirmou que o atual prefeito “traiu” Bruno Covas, de quem foi vice nas eleições de 2020, ao se aliar com o bolsonarismo na disputa deste ano. “É importante dizer que naquela eleição bruno covas não foi com bolsonaro, e foi atacado pelo bolsonarismo. Ricardo Nunes hoje abraçou o bolsonarismo, traindo o legado daquele de quem ele foi vice”. 

Por outro lado, Boulos destacou que São Paulo é uma “cidade progressista”. Nesse sentido, destacou os legados das gestões Erundina, Marta e Haddad, que comandaram a capital. Segundo ele, os três foram, “sem sombra de dúvidas”, os melhores prefeitos de São Paulo.

“Erundina fez os mutirões de moradia, processos de participação popular, botou o orçamento nas periferias. Marta fez os CEUs, o bilhete único, o vai-e-volta, fez os corredores de ônibus. Haddad fez uma gestão urbana inovadora, premiada em todos os cantos do mundo. Fez a Paulista Aberta, recuperou a capacidade de investimento, reduzindo a dívida com a União”. 

Do mesmo modo, defendeu programas sociais do governo Lula. “A gente quer ver o Minha Casa Minha Vida acontecendo de verdade, a gente quer ver o Mais Médicos”. Nesse sentido, disse que ele e Marta vão fazer uma “dupla dinâmica” para mudar São Paulo. “Vai ser a aliança dos CEUs com a moradia popular. Do Bilhete Único com as Cozinhas Solidárias. Da experiência administrativa com a coragem de lutar pelo nosso povo”.