"Martalândia"

Boulos e Marta lançam pré-campanha em Parelheiros

Primeiro ato público da chapa na corrida à prefeitura de São Paulo será em tradicional reduto de Marta, que terá sua refiliação ao PT assinada por Lula na próxima sexta

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Região de Parelheiros foi escolhida durante almoço na casa de Boulos no fim de semana

São Paulo – O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy escolheram Parelheiros, extremo sul da capital, para realizarem o primeiro ato público da pré-campanha das eleições municipais deste ano. De acordo com a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, nesta quarta-feira (31), a definição do local se deu no último domingo (28), quando Marta almoçou na casa de Boulos. O ato, no entanto, ainda não tem data confirmada.

Participaram do almoço Márcio Toledo, marido da ex-senadora, Natalia Szermeta, mulher de Boulos, e o coordenador da pré-campanha do Psol, Josué Rocha. “Boulos preparou um cordeiro e acompanhamentos da cozinha libanesa, como tabule, e conversamos sobre o futuro da nossa cidade”, escreveu Marta nas redes sociais.

A escolha por Parelheiros, que chegou a ser conhecida como “Martalândia”, é estratégica. Trata-se de tradicional reduto eleitoral da ex-prefeita. Nas eleições de 2016, por exemplo, quando disputou a prefeitura pelo MDB, Marta foi a mais votada na região, ficando à frente de João Doria (PSDB) – que venceu a disputa – e do então prefeito Fernando Haddad (PT), que buscava a reeleição.

Legado

Pesam na memória dos moradores da região, uma das mais pobres da cidade, políticas sociais, de educação e mobilidade idealizadas ou executadas durante a gestão Marta (2001-2005). Em 2003, por exemplo, ela inaugurou o terminal de Parelheiros, ampliando a oferta de ônibus. Em 2008, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), o bairro recebeu um Centro Educacional Unificado (CEU), obra planejada durante a gestão da então petista.

Nesse sentido, pesquisa Quaest divulgada na semana passada indica que Marta foi escolhida, com 24% dos votos, a melhor prefeita que São Paulo já teve. A deputada federal Luiza Erundina (Psol) – primeira mulher a comandar a cidade, eleita em 1988, pelo PT – e o ex-deputado Paulo Maluf (PP) ficaram em segundo lugar, ambos com 9%. Bruno Covas (PSDB), que morreu em 2021, e Kassab aparecem em terceiro lugar, com 8%, seguidos por Haddad, com 7%.

Lula assina refiliação ao PT na sexta

O próximo compromisso de Marta é a sua refiliação ao PT, na próxima sexta-feira (2). O evento, às 18h, na Casa de Portugal, em São Paulo, vai contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve assinar a ficha da ex-prefeita, selando sua volta ao partido, após quase uma década. Também devem participar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), entre outros expoentes da legenda.

Na última segunda-feira (29), Marta jantou, em sua casa, com deputados e vereadores petistas e ouviu sugestões para a campanha. Por outro lado, a candidata a vice defendeu que Boulos faça acenos à classe média, de modo a ampliar o seu alcance.

Hoje o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), figura influente no partido, disse que Marta errou ao apoiar o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, mas agora o momento exige “união” para derrotar o bolsonarismo em São Paulo. “Ninguém está dizendo aqui que o que a Marta fez em 2016 foi correto, ao se alinhar com as forças políticas que legitimaram o golpe de 2016 contra a presidente Dilma. O que nós estamos dizendo é o seguinte: os desafios de futuro são maiores do que qualquer balanço que a gente possa fazer”, disse Edinho, em entrevista à CNN Brasil.

Nesta semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota, como vice na chapa Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição. O prefeito, no entanto, ainda não decidiu se acata a indicação.