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Lula quer Brics ampliado ‘para ajudar países em desenvolvimento’

Lula defendeu a entrada de Argentina, Arábia Saúdia e Emirados Árabes e disse que o G7 está “superado” durante entrevista a correspondentes internacionais

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Para Lula, Banco dos Brics deve financiar outros países "sem espada na cabeça", ao criticar o FMI

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (2) a ampliação e o fortalecimento do bloco dos Brics, como forma de “ajudar os países em desenvolvimento”. Em entrevista a correspondentes estrangeiros nesta quarta, Lula disse apoiar, por exemplo, a entrada de nações como Arábia Saudita, Argentina e Emirados Árabes Unidos. Ele também afirmou que o G7 – que reúne as principais economias do ocidente – está “superado”.

Nesse sentido, Lula disse estar “animado” para participar da próxima reunião de Cúpula dos Brics, que pode decidir a adesão de novos países. O encontro ocorrerá entre os dias 22 e 24, em Joanesburgo, na África do Sul. Para o ingresso de novos países, contudo, Lula afirmou que é preciso seguir “critérios” e que a decisão precisa ser tomada em “consenso” pelos integrantes do bloco.

“Acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics, Emirados Árabes, Argentina. Espero que um dia as pessoas percebam que o jeito de discutir política no G7 está superado. Na verdade, o G7 nem deveria existir depois da criação do G20. São as mesmas pessoas que participam do G7 e do G20. As pessoas criam um clube e querem participar, não sou eu que vou impedir”.

“Nós queremos fazer os Brics muito fortes, para ajudar os países em desenvolvimento. É para isso que queremos criar um banco, que ele seja forte, que seja inclusivo. É por isso que vamos discutir a entrada de novos países”, complementou.

Ontem o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que seu país formalizou uma proposta para entrar no grupo do Brics. No mês passado, o embaixador da África do Sul para a Ásia e o Brics, Anil Sooklal, anunciou que 22 países já pediram o ingresso formal no bloco. Além disso, afirmou que há um número igual de países que também se candidataram informalmente.

Banco dos Brics e desdolarização

Do mesmo modo, Lula também disse esperar uma postura mais “generosa” do Banco do Brics – o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) – atualmente presidido por Dilma Rousseff. “Eu acho que o Banco dos Brics tem que ser mais eficaz e mais generoso do que o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ou seja, um banco, ele existe para ajudar a salvar o país e não para ajudar a afundar o país, que é o que o FMI faz muitas vezes”, afirmou.

E reforçou críticas às instituições financeiras mundiais criadas no pós-guerra. “Os Brics, na minha opinião, devem ajudar com financiamento adequado, sem espada na cabeça, os outros países a se desenvolverem. Eu espero que se a gente conseguir esse novo banco, com essa nova mentalidade, a gente possa reeducar as instituições de Bretton Woods a se comportarem de forma diferente”.

Além disso, Lula também voltou a defender a criação de uma moeda comum para viabilizar as trocas comerciais entre os países do bloco. O objetivo é contornar a hegemonia do dólar no mercado internacional.

“Todo mundo sabe que eu defendo a ideia de que a gente tenha uma moeda própria para fazer comércio entre os países. Tenho dito publicamente: por que o Brasil precisa de dólar para fazer comércio com a China? A gente pode fazer na nossa moeda. Por que o Brasil precisa de dólar para fazer comércio com a Argentina? A gente pode fazer nas nossas moedas. E mensalmente os bancos centrais fazem o acerto de contas. Não é uma coisa fácil de discutir”, afirmou o presidente.