Joaquim Barbosa e economistas ampliam lista de apoios a Lula
Bolsonaro é descrito como “abjeto” e “desprezível” em vídeos gravados pelo ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa. Um dos formuladores do plano real defende voto em Lula no primeiro turno para “trazer de volta o Estado democrático civilizado”
Publicado 27/09/2022 - 15h53
São Paulo – A menos de uma semana do primeiro turno da eleição presidencial, a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da coligação Brasil da Esperança, recebeu ao menos 12 vídeos enviados pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa em apoio à volta do petista à Presidência da República. Em uma das peças que gravou, pedindo votos a Lula para o próximo domingo (2), o magistrado fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não é um homem sério, não serve para governar um país como o nosso, não está à altura e não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância”, afirma Barbosa. O vídeo foi divulgado nesta terça-feira (27) pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo. Na mesma publicação, o ministro aposentado abre o material, advertindo que, ainda em 2018, na disputa entre Bolsonaro com o então presidenciável Fernando Haddad (PT), ele já havia alertado que o candidato do PL “seria uma péssima escolha”.
Já à época, Barbosa declarou apoio ao petista, apesar das críticas que tinha ao partido. O magistrado foi o relator da ação penal do chamado “mensalão” que atingiu membros do PT. Ele foi indicado ao cargo por Lula, em 2003 e deixou a corte em 2014. Mas, apesar das divergências, o ex-ministro observa no vídeo que, “nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como um ser humano abjeto, desprezível, uma pessoa a ser evitada”, comenta. “Esse isolamento é muito ruim para o nosso país. Nós perdemos muitas oportunidades com isso. É preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”, conclui.
Joaquim Barbosa declarando voto em Lula e dizendo que Bolsonaro “não está a altura e não tem dignidade para ocupar o cargo de presidente”
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) September 27, 2022
Rapazzzzzz… Quero ver se o mentiroso da república vai continuar citando o Joaquim Barbosa depois de hoje kkkkkkpic.twitter.com/6vQf1lGEod
Economistas estão com Lula
Ainda em agosto, diante dos ataques de Bolsonaro ao processo eleitoral, o ex-ministro foi um dos nomes signatários da Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”. Barbosa também se soma à lista de críticos do PT que têm declarado apoio a Lula nos últimos dias. Como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, autor do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). Ainda hoje, o economista André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real, também declarou apoio ao ex-presidente em evento ao lado de Lula.
“Está claro para mim que o apoio e o voto em Lula já no primeiro turno é importantíssimo. É trazer de volta o estado democrático civilizado”. À Folha, André Lara acrescentou que o Brasil “está caminhando para ser terra arrasada se continuar o governo atual”. E que a vitória de Lula seria o restabelecimento do país no cenário internacional do ponto de vista ambiental, da democracia e cultural. O entendimento em torno da eleição de Lula também é compartilhado por um grupo de economistas de instituições como FGV, Insper, PUC-Rio, USP, UFF e UFPE.
Com ao menos 38 assinaturas, o grupo divulgou hoje carta-manifesto defendendo o voto útil em Lula no primeiro turno. A iniciativa visa a atrair também os eleitores indecisos e de candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). O documento também conta com afiliações de economistas de Yale, nos Estados Unidos, e Cambridge, na Inglaterra.
Leia a íntegra da carta-manifesto “Economistas defendem voto em Lula no primeiro turno”
“Neste momento crítico da história brasileira, nós, abaixo-assinados/as, economistas que sempre nos posicionamos em favor da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições e da justiça social, nos manifestamos em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, já no primeiro turno.
As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira.
O presidente promoveu o desmonte do aparato de fiscalização de crimes ambientais, incentivando o desmatamento acelerado e causando uma grave deterioração do meio-ambiente e a depreciação de nosso capital natural.
A política de saúde foi calamitosa, o governo federal não coordenou os esforços do SUS e a gestão da pandemia contribuiu para dezenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. O presidente, ainda nesse contexto, demonstrou total falta de empatia com as pessoas que sofriam com a morte de entes queridos pela Covid-19.
Não houve qualquer avanço na política educacional, que passou a ser pautada por ideologia, ocasionando retrocesso no aprendizado de crianças e adolescentes, em particular durante a pandemia e principalmente entre os mais vulneráveis.
A política de segurança pública se pautou por estimular a resolução de conflitos de forma individual e violenta: o acesso a armas de fogo e munições pela população foi extremamente facilitado e buscou-se estabelecer uma salvaguarda para policiais matarem, com a tentativa de aprovação da excludente de ilicitude.
Na economia, desmontou-se o orçamento federal e foram criados gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição – uma afronta às instituições eleitorais. Apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares não foram esclarecidas.
Por fim, e ainda mais importante, o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional.
Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconhecemos no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo. Viabilizar a sua vitória em primeiro turno nos parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país. Votamos em Lula em prol da união de um amplo espectro de forças políticas em defesa da democracia, na esperança de que possamos ter um governo para todas e todos os brasileiros.
- Amanda de Albuquerque
- Bernard Herskovic
- Bernardo Silveira
- Bruno Giovannetti
- Carlos Góes
- Carolina Grottera
- Cláudio Considera
- Claudio Ferraz
- Daniel Cerqueira
- Diana Moreira
- Dimitri Szerman
- Emanuel Ornelas
- Fernanda Estevan
- Filipe Campante
- Francisco Costa
- Gabriel Ulyssea
- Joana Monteiro
- Joana Naritomi
- João Ramos
- José Tavares de Araújo Jr
- Laura Karpuska
- Laura Schiavon
- Marco Bonomo
- Marcos Ross Fernandes
- Mayara Felix
- Octavio de Barros
- Otaviano Canuto
- Paula Pereda
- Paulo Corrêa
- Paulo Furquim de Azevedo
- Rafael Costa Lima
- Raphael Corbi
- Ricardo Dahis
- Rodrigo R. Soares
- Rudi Rocha
- Sergio Firpo
- Thomas Fujiwara
- Tiago Cavalcanti
Afiliações
FGV, George Washington University, Insper, Johns Hopkins University, London School of Economics, PUC-Rio, Princeton, UFF, UFPE, University of British Columbia, University of California – Davis, University of California – Los Angeles, University of California – San Diego, University of Cambridge, University College London, University of Delaware, USP, Yale”