Integração latina

‘Isolamento não leva a nada’, diz Celso Amorim sobre encontro de Lula com Maduro, que depois foi cancelado 

Presidente brasileiro havia incluído em sua agenda em Buenos Aires um encontro com Nicolás Maduro. Lula se reuniu há pouco com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Também estão previstas reuniões com empresários argentinos para hoje

Lula/YouTube/Reprodução
Lula/YouTube/Reprodução
O presidente Lula abriu a agenda de sua primeira viagem internacional com participação na tradicional oferenda de flores ao libertador General San Martín, na Praça San Martín, em Buenos Aires, onde foi saudado pela população

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que se encontraria com o presidente da Venezuela Nicolás Maduro nesta segunda-feira (23) em Buenos Aires, na Argentina, mas o encontro bilateral foi cancelado. Segundo assessores do Planalto, o cancelamento foi definido pelo governo venezuelano. Maduro alegou “questões de segurança”, de acordo com fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico

O presidente da Venezuela também não deve mais visitar Buenos Aires, onde se encontraria com o petista, e participaria de encontro com a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), prevista para esta terça (24), onde são esperados os líderes dos 33 países da região. O Brasil voltou a participar do encontro depois de ter deixado o agrupamento já na primeira semana de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um ano depois, a gestão anterior também alijou de sua política externa as relações com a Venezuela. 

O governo Lula, porém, defende que o país seja reintegrado à comunidade diplomática sul-americana para resolver o impasse político que perdura há décadas na Venezuela. A reunião desta segunda visava caminhar com o restabelecimento das relações diplomáticas. Desde que assumiu, Lula também já ordenou a reabertura da embaixada brasileira em Caracas. 

‘Isolamento não leva a nada’

Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-chanceler do primeiro governo Lula e atual assessor especial do presidente para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, contestou supostas controvérsias sobre o encontro de Lula e Maduro, que acabou por não acontecer. “É algo normal e deve haver”, destacou Amorim. “Somos favoráveis ao diálogo e achamos que o isolamento não leva a nada. Só gera frustrações”, acrescentou. Ainda na semana passada, fontes do governo já apontavam a possibilidade do encontro entre os dois presidentes. 

O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, advertiu na emissora Globonews neste domingo que a forma como as relações com a Venezuela foram conduzidas por Bolsonaro “só trouxe prejuízos ao Brasil”.  

Lula se encontrou ao fim da manhã com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, na Casa Rosada. O primeiro encontro bilateral do Brasil também tem como intuito retomar os laços entre os dois países, que ficaram enfraquecidos durante o governo anterior. Segundo o Itamaraty, o encontro “constituirá oportunidade de relançar a relação bilateral no mais alto nível, após período de distanciamento entre governos e redução da dinâmica de integração estratégica”. 

Recebido por ‘olê, Lula’

O Ministério das Relações Exteriores também anunciou que vai realçar o “papel positivo” da relação entre os dois países para o Mercosul e a integração latino-americana. É esperada uma declaração conjunta por volta dos líderes. Mais cedo, o presidente brasileiro participou da tradicional oferenda de flores ao libertador General San Martín, na Praça San Martín. Ele chegou ao local por volta das 10h30 – horário de Brasília –, acompanhado da socióloga e primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, e do chanceler argentino, Santiago Cafiero, onde foi recebido por canto de “olê, Lula”.

Ainda hoje, à tarde, o presidente Lula terá reunião com empresários no país. Já à noite, deve ir a um concerto musical com artistas argentinos e brasileiros no Centro Cultural Kirchner.

A primeira viagem presidencial de Lula também é acompanhada pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores); Fernando Haddad (Fazenda); Nísia Trindade (Saúde); Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência); Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Paulo Pimenta (Secom). De acordo com o Planalto, também serão tratados os temas de integração energética, investimentos, meio ambiente, defesa e combate a ilícitos.