Integração

Lula agradece às nações que ficaram ao lado da democracia contra o ataque a Brasília

O presidente argentino, Alberto Fernandez, saudou a presença de Lula e pediu “grande salva de palmas para celebrar volta do Brasil à Celac”

Reprodução/Secom
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Lula criticou Bolsonaro, que "tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac”

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, com pronunciamento nesta terça-feira (24), da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Buenos Aires. “Após o resultado das eleições, afirmei que o Brasil estava de volta ao mundo”, disse. Antes de sua fala, que foi lida, ele foi saudado pelo colega Alberto Fernández. O presidente argentino pediu “uma grande salva de palmas para celebrar a volta do Brasil à Celac”. Jair Bolsonaro retirou o país da cúpula em 2020.

“Não preciso dizer o que significa ter o querido amigo Lula presidindo a nossa irmã pátria brasileira. A Celac sem o Brasil é uma Celac muito mais vazia. Sua presença hoje acaba de nos completar”, declarou ainda Fernández, que presidiu a cúpula.

Alberto Fernández

Mais uma vez, o chefe do governo do Brasil defendeu a integração dos países da América Latina. “Ao longo dos sucessivos governos brasileiros, desde a redemocratização, nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação”, afirmou.

Bolsonaro: “Exceção lamentável”

“A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac”, continuou Lula, sobre a política externa isolacionista e tacanha de Jair Bolsonaro, que transformou o Brasil em um pária internacional, conforme expressou inclusive o jornal The New York Times (veja aqui).

Lula agradeceu aos países que “se perfilaram ao lado do Brasil e das instituições brasileiras, ao longo destes últimos dias, em repúdio aos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília”. “É importante ressaltar que somos uma região pacífica, que repudia o extremismo, o terrorismo e a violência política.”

Ele frisou que as ameaças à democracia representativa é uma das muitas crises que os países têm de enfrentar na atualidade, como as relacionadas  à pandemia, as mudanças do clima, os desastres naturais, tensões geopolíticas, pressões sobre a segurança alimentar e energética, além do “quadro inaceitável” das desigualdades, da pobreza e da fome.

Ele destacou que ”é preciso respeitar e proteger nossos povos originários – até hoje ameaçados e negligenciados”. Mais do que isso, defendeu “trabalhar para que a cor da pele deixe de definir o futuro de nossos jovens”.

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Integração global e regional

O presidente criticou a “excessiva dependência que temos de insumos fundamentais para o bem-estar de nossas sociedades”. Porém, salientou que isso “não significa que devemos nos fechar ao mundo”. A integração global será feita “em melhores termos se estivermos bem integrados em nossa região”, frisou.

“Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região”.

De acordo com o presidente brasileiro, a estratégia de desenvolvimento deve privilegiar a redução da desigualdade “em suas diversas dimensões”. Entre elas, acesso aos direitos fundamentais como educação, saúde e trabalho decente. “Para crescermos de maneira sustentável não podemos ostentaro índices inaceitáveis de pobreza e fome. Tampouco conviver com a desigualdade e a violência de gênero que atingem metade de nossas populações”, disse ainda.

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