Capitólio brasileiro

Hospital nos EUA nega que Bolsonaro tenha sido internado no local

Ex-presidente é alvo de deputados do partido de Joe Biden, que querem a sua deportação para investigação e eventual julgamento por seu papel nos atos golpistas. No Brasil também há articulação para retorno

Reprodução/twitter
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Bolsonaro em ato em abril de 2020, fase crítica da pandemia, causando aglomeração de apoiadores no QG do Exército que pediam AI-5 e "vida pela pátria"

São Paulo – O hospital AdventHealth Celebration, nas imediações de Orlando, na Flórida, negou ao jornal Estado de Minas que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha se internado lá nesta segunda-feira (9). Mais cedo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia pedido orações a Bolsonaro em publicação em uma rede social. “Meus queridos, venho informar que o meu marido Jair Bolsonaro se encontra em observação no hospital em razão de um desconforto abdominal decorrente das sequelas da facada que levou em 2018. Estaremos em oração pela saúde dele e pelo Brasil”.

A recaída da doença de Bolsonaro ocorre um dia após a invasão de seus apoiadores ao Palácio do Planato, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo (8). A entrada de centenas de bolsonaristas deixou um rastro de destruição da estrutura, de móveis e objetos de arte. E jogou uma pá de cal sobre o que poderia sobrar da imagem de Bolsonaro, que sempre atiçou atos antidemocráticos e golpistas

Após a derrota nas urnas, Bolsonaro se calou por semanas. E só voltou a falar para, de maneira indireta, insuflar ainda mais seus seguidores a acirrar os atos antidemocráticos.

Logo que as imagens da invasão dos bolsonaristas nos prédios públicos de Brasília, facilitados pela a omissão da polícia militar do Distrito Federal ganharam o mundo, o repúdio ao ex-presidente foi imediato. Políticos e personalidades do mundo todo se manifestaram rapidamente contra os atos de vandalismo.

Fascistas de lá de cá

Inclusive nos Estados Unidos. Pelas redes sociais, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata, do presidente Joe Biden, disse em sua no Twitter que os EUA deveriam parar de “conceder refúgio a Bolsonaro” na Flórida. “Cerca de dois anos depois de o Capitólio dos EUA ser atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil’, disse.

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (9), o democrata Raúl Grijalva afirmou que esta semana será discutio um pedido de deportação de Bolsonaro. Segundo ele, boa parte da bancada do partido apoia a ideia de que o ex-presidente volte para o Brasil para ser investigado e eventualmente julgado por seu papel nos atos golpistas.

A bancada pretende pedir à Casa Branca que inicie o processo de deportação. “É preciso tirar Bolsonaro dos EUA para que enfrente no Brasil as consequências de ter instigado os ataques à democracia no Brasil, de forma semelhante ao que o ex-presidente Donald Trump fez nos EUA e que culminou [na insurreição] no Capitólio”, disse Grijalva. “Os brasileiros e a democracia do país têm o direito de julgar a responsabilidade de Bolsonaro.”

Outros dois congressistas pediram publicamente a deportação de Bolsonaro – Joaquín Castro, que representa a minoria democrata no Comitê de Hemisfério ocidental, e Alexandria Ocasio Cortez (AOC). À CNN Castro afirmou que “os EUA não deveriam ser um refúgio para o autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil”. Já AOC, no Twitter, afirmou: “Os EUA precisam deixar de dar guarida a Bolsonaro”.

Situação de Bolsonaro tende a se complicar no Brasil

A situação de Bolsonaro tende a se complicar também no Brasil. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) formalizou hoje pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) para o retorno imediato ao país, sob pena de prisão. Renan quer que o ex-presidente seja investigado quanto ao seu papel nos atos que levaram à invasão da sede dos Três Poderes.

Segundo o portal g1, Renan pediu prisão preventiva em caso de descumprimento desta determinação. “Bolsonaro tem “participação ativa e responsabilidade” nos atos, disse Renan. O senador quer que Bolsonaro dê explicações sobre “sua participação nos atos antidemocráticos” e “acerca de sua reunião ocorrida em Orlando” com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e, agora, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

  • No pedido a Alexandre de Moraes, Renan destaca:
  • Inclusão de Jair Bolsonaro como investigado no inquérito;
  • Intimação urgente para dê explicações às Autoridades Brasileiras acerca de sua participação nos atos antidemocráticos, notadamente, mas não apenas, acerca de sua reunião ocorrida em Orlando com Anderson Torres;
  • Determinação do seu retorno imediato de Bolsonaro ao Brasil, no prazo de 72 horas;
  • Em caso de descumprimento à ordem de retorno ao território brasileiro no prazo estipulado, requer seja decretada sua prisão preventiva;
  • Por fim, para dar cumprimento à eventual prisão preventiva, pediu a extradição do ex-presidente, nos termos do Tratado de Extradição entre os Estados Unidos do Brasil e os Estados Unidos da América (Decreto Nº 55.750, de 11 de fevereiro de 1965).

Os presidentes Lula e Biden conversaram por telefone esta tarde. Biden transmitiu “apoio incondicional dos Estados Unidos à democracia do Brasil e à vontade do povo brasileiro”, expressa nas últimas eleições do Brasil, vencidas pelo presidente Lula. Também condenou a violência e o ataque às instituições democráticas e à transferência pacífica do poder.