Viradas

Sessão de votação iniciada, palavra de ordem entre deputados é ‘traição’

Base aliada e oposicionistas demonstram apreensão com resultado e surpresa dos últimos dias foram as mudanças de posição de vários parlamentares, tanto contra como a favor do impeachment

Marcelo Camargo / Fotos Públicas

Clima de desconfiança e tensão marca início da sessão da Câmara que vai votar processo de impeachment de Dilma

Brasília – Com o início da votação que decidirá se a Câmara dos Deputados admitirá ou não o impeachment de Dilma Rousseff, às 14h, como previsto, o clima no Congresso é de apreensão, expectativa e de reuniões de última hora, que prometem ser realizadas até o último momento. Nem a oposição nem os aliados do governo descartam a possibilidade de ganhar, mas a palavra de ordem, nesta manhã de domingo (17), é “traição”.

Isto porque o PP, que estava rachado, tem provocado grande confusão. No início da manhã de hoje, a legenda fez saber que passaria a votar em peso pelo impeachment, abandonando compromisso de ao menos 11 pepistas, firmados com o Palácio do Planalto na sexta-feira (15).

Outra traição comentada e criticada foi o anúncio feito pelo peemedebista Mauro Lopes (MG). Lopes travou uma guerra interna, poucas semanas atrás, com o PMDB, e foi até ameaçado de expulsão da legenda ao receber, aceitar e ser empossado como ministro da secretaria de Aviação Civil. Foi exonerado na última semana para votar contra o impeachment e a favor do governo. Hoje, após ter uma reunião com o vice-presidente Michel Temer, divulgou para jornalistas que mudou de lado.

Se estas notícias preocupam os integrantes da base aliada, os oposicionistas têm apresentado um semblante bem mais sério e com ar preocupado desde a última sexta-feira. Um motivo de preocupação dos oposicionistas, que ficou nítido no plenário, foi a entrada em campo do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB-MA).

Ao falar sobre a expectativa, o líder do governo na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que acredita numa derrubada do processo, por estar nítido que tudo se tratou do que ele chamou de ato de retaliação e de vingança, por parte do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao acolher o pedido.

“Aposto na vitória e no diálogo. O Brasil não é qualquer democracia, não é qualquer país, é a sétima democracia do mundo e estamos seguros de que não há razões para ser afastada a presidenta. Vamos superar isso e repactuar o país a partir de amanhã”, acentuou Guimarães.

Por outro lado, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE),  afirmou que confia na vitória da oposição. “Ninguém perde um mandato por culpa dos outros. Fizemos nossas contas e achamos que o resultado, no final da noite, será o esperado pelos que trabalham pelo impeachment”, ressaltou.

Um senador do PT, que tem avaliado a situação e participado da maior parte das negociações, foi quem melhor definiu o quadro que impera agora no plenário: “No final das contas, não vai ganhar a votação o grupo que terá maior número de apoios, mas infelizmente, o que tiver menor número de traições”. É essa a maior especulação que impera nas conversas em reservado da Câmara e do Senado esta tarde.

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