Dilma reitera preocupação com valorização do real e prevê postura ‘proativa’ por crescimento

Na Alemanha, presidenta lembra que crise das nações desenvolvidas atinge emergentes e pede mudanças nas políticas monetárias

Presidenta Dilma Rousseff e a Chanceler Federal da Alemanha, Angela Merkel, durante cerimônia de abertura da Feira Internacional de Tecnologias da Informação e das Comunicações (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff reiterou hoje (6), no último dia da viagem à Alemanha, o receio do governo brasileiro com a desvalorização das moedas das nações mais ricas por conta da forte liberação de recursos nos Estados Unidos e na União Europeia. 

Após visita à Feira Internacional de Tecnologias da Informação e das Comunicações (CeBIT 2012), em Hannover, ela destacou que o Brasil terá uma postura proativa na procura pelo crescimento econômico. 

Ontem (5), durante encontro bilateral com a chanceler alemã Ângela Merkel, a presidenta criticou o modelo dos países desenvolvidos de promover uma expansão monetária, que segundo ela, é prejudicial ao comércio internacional brasileiro. “Nas reuniões bilaterais, eu manifestei para a chanceler Merkel a preocupação do Brasil com a expansão monetária que vem ocorrendo por parte dos países desenvolvidos, que começou com os Estados Unidos e, obviamente, com uma parte muito mais significativa do que a da União Europeia”, declarou Dilma hoje durante conversa com jornalistas.

A presidenta afirmou que a crise econômica, não se limitando a atingir os países desenvolvidos, é também vivida pelo Brasil. “O que tem acontecido é que os países emergentes têm visto as suas taxas de crescimento diminuírem”, disse. Ela assegurou que o Brasil responderá à crise, “respeitando o equilíbrio macroeconômico com finanças públicas e uma estrutura fiscal sólida”. 

No Brasil, foi divulgado hoje o resultado do crescimento da economia em 2011, com avanço de 2,7% frente a 2010. O ritmo de crescimento no ano passado ficou abaixo do registrado pela Alemanha, mas foi superior ao de outras nações europeias e dos Estados Unidos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o importante é que a economia vem em trajetória de aquecimento, e projetou uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 4,5% em 2012. O ritmo de 

Em Hannover, a importância da cooperação na atual conjuntura foi assinalada pela presidenta: “Nós também acertamos que cada governo, entendendo os problemas das suas respectivas regiões, irá buscar as melhores formas de cooperação, no sentido de ultrapassar esse período.” Ela comentou acerca da significativa relação comercial entre os dois países – já que há mais de 1.600 empresas alemãs no Brasil, segundo ela – e afirmou que essa parceria só deve se intensificar. Está sendo previsto para 2013 o Ano Brasil-Alemanha.  Em fevereiro desse ano, o diretor do Instituo Goethe, Klaus-Dieter Lehmann, esteve no Brasil para oficializar a proposta, que contará com eventos sobre política, economia, cultura e ciência.

Programa Ciência sem Fronteiras

Na Feira Internacional de Tecnologias da Informação e das Comunicações, que é o CeBIT 2012, a presidenta Dilma ainda destacou o papel da Alemanha no processo de crescimento tecnológico e científico do Brasil e sua participação no programa do governo brasileiro Ciência sem Fronteiras, que tem como objetivo enviar 100 mil estudantes brasileiros das ciências médicas, ciências exatas e engenharias para estudar em instituições estrangeiras até 2014. De acordo com ela, a Alemanha é o segundo destino dos bolsistas.