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Desembargador do TRE-PR discorda de relator, cita ‘quantias absurdas’ e pede cassação de Moro

Com novo pedido de vista, julgamento será retomado na próxima segunda-feira

Reprodução/YouTube
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Sade (esq.) apresentou voto em que discordou do relator Falavinha

São Paulo – Na retomada do julgamento sobre suposto abuso de poder econômico do senador Sergio Moro (União Brasil), nesta quarta-feira (3), o desembargador José Rodrigo Sade abriu divergência e defendeu a cassação do mandato. Dois dias atrás, o relator, Luciano Carrasco Falavinha Souza, votou a favor de Moro. Com pedido de vista da juíza Claudia Cristina Cristofani, o julgamento será retomado na próxima segunda (8).

Em pouco mais de uma hora, o primeiro juiz a votar após o relator discordou praticamente em tudo. Considerou, por exemplo, “irrelevante” saber se Moro tinha, ou não, intenção de concorrer a Senado. “Não parece possível simplesmente apagar os caminhos que o candidato em questão percorreu. Não se apaga o passado”, afirmou.

Desigualdade de oportunidades

Na visão do desembargador, os recursos aplicados na pré-campanha desequilibraram a disputa a favor do ex-juiz, que a princípio sairia candidato a presidente da República e depois, mudando de partido, disputou e ganhou uma cadeira no Senado. “Os demais candidatos não tiveram a mesma oportunidade de exposição”, afirmou Sade.

Ele citou “forte esquema de produção de material de divulgação” para a campanha, além de “poderosa estrutura” em torno do candidato. E considerou “retórica” a argumentação que Moro já dispunha de capital político e não precisava de mais exposição. Se assim fosse, afirmou, não seria necessária a “quantidade absurda” de recursos.

Construção da imagem

Além disso, sustentou Sade, a simples fama obtida com o trabalho como magistrado, positiva ou negativa, não significa transformação automaticamente em votos. “Foi preciso construir a imagem do ex-juiz.” O desembargador acredita que houve “quebra da isonomia” na disputa. “Falando mais alto o dinheiro, quem perde é a democracia.”

Com o placar em 1 a 1, a favor e contra a cassação, mais cinco desembargadores votam. Depois de Claudia Cristina Cristofani, os juízes Julio Jacob Junior, Anderson Ricardo Fogaça, Guilherme Frederico Hernandes Denz e Sigurd Roberto Bengtsson, presidente do TRE.


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