Desagravo

Cresce apoio a Márcio Pochmann para ocupar a presidência do IBGE

Nota da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia reforça o já crescente apoio de diversos setores; Pochmann foi alvo de tentativas de desqualificação

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
O economista foi vítima de ataques de diversos veículos conservadores, que parecem ignorar seu perfil e trajetória

São Paulo – O economista Márcio Pochmann tem recebido crescente apoio de diversos setores para ocupar a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As manifestações começaram ontem (24), após a publicação de três reportagens que tentam desqualificar seu perfil e sua trajetória.

Nesta terça-feira (25), a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia divulgou nota pública em que repudia o ataque orquestrado contra o economista, contra a Universidade de Campinas (Unicamp) e as linhas de pensamento econômico críticas ao neoliberalismo. E repudia ainda a ética jornalística – ou ausência dela – em textos das jornalistas de O Globo Miriam Leitão e Malu Gaspar. E Wilson Lima, do Antagonista.

Em seu ataque, Miriam Leitão escreveu que Pochmann poderá manipular índices de inflação. “Uma das raízes da crise argentina foi a intervenção no Indec, o IBGE deles. Em 2012, diante da queda de popularidade pelos problemas econômicos do país, entre eles a inflação alta, o governo de Cristina Kirchner fez uma intervenção no instituto de estatística para derrubar a inflação na marra. Fracassou e esse foi o ponto inicial de outras derrotas”, escreveu.

Malu Gaspar escreveu “Nem o Centrão conseguiria apresentar um nome tão ruim. Nem o próprio PT”, atribuindo a fala a um integrante do Ministério do Planejamento. E em um dos ataques, disse que Pochmann é um “desenvolvimentista e heterodoxo da escola da Universidade de Campinas”, e que é “considerado por alguns auxiliares de Tebet como um ‘terraplanista econômico’”.

Jornalismo “neutro” com ataques políticos

E no Antagonista, o autor escreveu que há um temor no IBGE. Isso porque quando presidiu o Ipea, Pochmann teria “perseguido os que não rezam a cartilha do PT”.

“O debate, entre atores políticos, como demonstram ser o jornalista e as duas jornalistas que assinaram tais matérias, sobre o futuro do IBGE e a escolha de seu novo presidente é salutar. Nocivo é cobrirem-se do véu de jornalistas neutras para atuarem politicamente. Infame e vil é tentarem disseminar a ideia, atribuída a terceiros não identificados, de que Pochmann poderia manipular índices de inflação”, diz trecho da nota (confira íntegra no final da reportagem).

A professora da Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Juliane Furno também saiu em sua defesa. “Marcio Pochmann sacode qualquer lugar por onde ele passa. É um fanático por trabalho, inovação, ação. Além de excelente coordenador de ações é um homem que acredita no Brasil, um intelectual de grande prestígio. Mas a Malu talvez não tenha procurado saber”, escreveu em sua conta em uma rede social.

O neurocientista Miguel Nicolelis também o apoia.

Outro que se manifestou favoravelmente foi o professor Fernando Horta:

Em participação no Podcast do Conde, Horta foi mais fundo na questão:


Nota da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia

Três matérias, ditas jornalísticas, foram publicadas em menos de 24 horas com tentativas de desqualificar o economista, professor e pesquisador Márcio Pochmann. Os textos, de cunho político indiscutível, pretendem disseminar a ideia de que seu percurso profissional e acadêmica não o habilita a ocupar a presidência do IBGE.

Advogam que haveria perfis puramente técnicos para o cargo e que este deveria ser ocupado por um desses perfis. Desde logo, não há perfil puramente técnico entre economistas e, tampouco, entre os jornalistas ou entre profissionais de qualquer outro ramo. O professor Márcio Pochmann tem uma longa carreira acadêmica e profissional e, como é prática dessa carreira, foi ampla e recorrentemente avaliado por seus pares.

O debate, entre atores políticos, como demonstram ser o jornalista e as duas jornalistas que assinaram tais matérias, sobre o futuro do IBGE e a escolha de seu novo presidente é salutar. Nocivo é cobrirem-se do véu de jornalistas neutras para atuarem politicamente. Infame e vil é tentarem disseminar a ideia, atribuída a terceiros não identificados, de que Pochmann poderia manipular índices de inflação.

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia repudia o ataque orquestrado contra Márcio Pochmann, contra a Unicamp e contra as linhas de pensamento econômico críticas ao neoliberalismo. Repudia, ademais, a ética jornalistica, ou a ausência dela, praticada nestes três exemplos.


Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima