CPI da Bancoop aprova convocações de Blat e Vaccari

Atriz Deborah Secco também deverá ser ouvida na Assembleia Legislativa de São Paulo; deputados do PT protestam contra 'partidarização' da comissão

Siraque, à direita, reclamou de uso político da comissão, como na leitura de carta de Ignácio de Loyola Brandão, lida por Bruno Covas (Foto: Maurício Morais)

São Paulo – A CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou nesta terça-feira (11) as convocações do ex-presidente da cooperativa João Vaccari Neto, do promotor José Carlos Blat e da atriz Deborah Secco, além de vários cooperados. Mas segundo o presidente da comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB), Blat e Vaccari somente deverão ser ouvidos dentro de duas a três semanas, após os depoimentos dos cooperados – estes deverão comparecer na próxima terça (18). “Está dentro do cronograma que estabelecemos”, afirmou. No final da sessão, parlamentares do PT protestaram contra o que consideram tentativa de “partidarização” da CPI.

Atual tesoureiro do PT, Vaccari deixou a presidência da cooperativa no início deste ano. Já o promotor Blat, do Ministério Público, investiga há anos a cooperativa, mas ainda não apresentou denúncia. Ambos foram convocados pelos representantes do PT na CPI. Por sua vez, a atriz foi denunciada pelo MP do Rio de Janeiro por suposta improbidade administrativa devido a depósitos em empresas fantasmas, em esquema que teria participação de seu pai, Ricardo Secco. O requerimento para convocá-la foi do deputado Waldir Agnello, do PTB.

 

Nesta terça, foi ouvida apenas a cooperada Yara Regina Ferreira, funcionária aposentada do Banco Real que trabalha atualmente como corretora de imóveis. Ela se associou em 2001 para adquirir um apartamento na Casa Verde, mudando posteriormente para comprar um imóvel de 69 metros quadrados na Parada Inglesa, ambos os bairros na zona norte de São Paulo. Em 2004, por motivos financeiros, passou o negócio para o nome de uma das filhas. Yara se queixa da cobrança de um segundo resíduo, em um valor total aproximado de R$ 48 mil. Originalmente, o apartamento custaria R$ 101 mil, sendo cobrado posteriormente um primeiro resíduo de cerca de R$ 6 mil, em 18 parcelas, que ela estava pagando, quando começou a ser cobrado esse segundo resíduo, razão do desentendimento. Segundo ela, o imóvel foi vendido. Ela contou ainda que a amiga que indicou a Bancoop, também cooperada, terminou de pagar o imóvel e está morando nele.

Após o depoimento da cooperada, o deputado Bruno Covas (PSDB) pediu autorização para ler mensagem do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão, que depôs na semana passada na CPI (a sua mulher, Márcia, é cooperada). A mensagem foi lida, causando protestos da bancada do PT, porque trazia críticas ao partido, com referências inclusive às eleições deste ano.

“Não estamos aqui avaliando se o PT é bom, se o PSDB é ruim, se tem mensalão do DEM. O objetivo da CPI é apurar se existiram fraudes ou não. Hoje, a carta foi um instrumento político. Foi um escárnio em relação à CPI”, criticou o deputado Vanderlei Siraque. “Li a carta por solicitação da testemunha”, disse Covas.

Para Siraque, será importante ouvir Vaccari e Blat. “Acho que a gente ganharia tempo”, afirmou, acrescentando que até agora não há evidência de fraudes, mas problemas relacionados a entendimento de contratos e casos de conflitos de relação de consumo. “O Judiciário seria a instância correta. Sempre acredito que é possível ter acordo, no bom senso entre as pessoas. Quanto mais as pessoas tentam sujar a imagem da cooperativa, mais dificíl ficar buscar algum tipo de financiamento.”