pela porta dos fundos

Carlos ‘zero 2’ já foi para os EUA. Bolsonaro anuncia ‘férias’ em Orlando, terra da Disney

Embora a viagem do ainda presidente esteja marcada para amanhã, há quem desconfie que ele ainda alimente intenções mais obscuras e violentas

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ainda chefe do Executivo Jair Bolsonaro já avisou que não passará a faixa para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva

São Paulo – O ainda chefe do Executivo brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), já avisou que não passará a faixa para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo (1), quebrando uma tradição desde a redemocratização do país. Seu filho e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) – também conhecido como “zero 2” – viajou para o sul dos Estados Unidos no sábado (24).

Jair deve ir para Orlando, na Florida, onde fica a sede mundial dos estúdios Disney, nesta quarta-feira (28), para supostamente passar o fim do ano seguido de “férias”, embora haja quem desconfie de que ainda alimente intenções mais obscuras e até violentas. Ele está a cinco dias de perder o foro privilegiado. Os movimentos de pai e filho “zero 2” podem não ser coincidência.

Bolsonaro iria para resort de luxo de Trump nos EUA e não passaria a faixa a Lula. Mas as informações sobre onde ele realmente se hospedaria são desencontradas.

Durante o ano de 2022, Carlos, que também responde pela alcunha de Carluxo, foi citado como o que, entre os membros do clã, corria mais riscos de ser preso por envolvimento com o “gabinete do ódio” e atos antidemocráticos investigados no Supremo Tribunal Federal sob o comando do ministro Alexandre de Moraes. Aparentemente, o presidente da República até domingo tem consciência de que corre risco de ser preso.

“Aliados de Bolsonaro sugerem que ele ‘saia de cena’, para tentar se livrar da enxurrada de processos que deve enfrentar. NÃO ADIANTA FUGIR! Bolsonaro tem que responder pelas rachadinhas, pelas mortes da covid sem vacina, por quem sufocou no Amazonas e pelo terror que ele semeou”, postou no Twitter o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) – mantida a grafia original.

“Esse é o patriota que diz Brasil acima de tudo? Saindo pela porta dos fundos e se escondendo. Vergonhoso, mas condizente”, ironiza na mesma rede social a também deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

Segundo o jornalista Jamil Chade, do Uol, entidades e governos estrangeiros “estão preocupados com a posse de Lula (PT)”, devido ao clima político em Brasília. De acordo com o repórter, “o principal motivo de alerta é o silêncio” de Bolsonaro ante as ameaças e de “atentados da extrema direita”.

Bolsonaro e João Figueiredo: coincidências

A consumação de um atentado terrorista poderia ter acontecido no início desta semana no Aeroporto Internacional de Brasília com a participação do “empresário” George Washington de Oliveira Sousa. O fato é inédito desde o caso Riocentro, atentado frustrado de 30 de abril de 1981 no Rio de Janeiro, ainda sob o governo militar de João Figueiredo.

A coincidência não é só essa. Antes da redemocratização, o último presidente da República que se recusou a passar a faixa ao sucessor foi justamente o general Figueiredo, que não participou da cerimônia de posse de José Sarney em 1985.

O silêncio ostensivo do atualmente quase ex-presidente brasileiro também foi observado após os atos terroristas de 12 de dezembro passado, quando uma horda de criminosos ateou fogo em carros, ônibus, equipamentos públicos e espalharam botijões de gás pela capital federal.

Segundo a mídia, aliados estariam tentando convencer Bolsonaro a fazer um “último pronunciamento à nação” antes de debandar para a sede da Disney, onde ele afirmou que passará férias.

Fim do “cercadinho”

Os sinais de debandada dos líderes do bolsonarismo não se restringem aos membros do clã. Como noticiou o jornal Folha de S. Paulo, um dos principais canais de YouTube relacionados ao “cercadinho” parece há tempos ter entendido a derrota eleitoral que o líder ainda não aceitou.

O Foco do Brasil não publicou sequer um único conteúdo desde a vitória de Lula. Mais do que isso, diz a reportagem, o canal com quase 3 milhões de inscritos demitiu o apresentador Cleiton Basso e foi colocado à venda.


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