São Paulo – Candidatos que disputam o segundo turno das eleições municipais pelo PT e os respectivos apoiadores viajaram hoje (9) a São Paulo para garimpar um espacinho na agenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas três semanas que os separam da nova ida às urnas. “Todo mundo que vem até aqui quer o Lula na campanha. A angústia aí é essa: que ele pelo menos grave uma mensagem”, sintetizou o candidato à prefeitura de Osasco, Jorge Lapas, após reunião na sede do Diretório Nacional do PT, na região central da capital paulista. No caso de Lapas, a “angústia” pode se encerrar caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirme a decisão de cassar o adversário, Celso Giglio (PSDB). 

No geral, as notícias não foram exatamente animadoras para quem veio à cidade: a princípio, o ex-presidente vai se envolver pessoalmente nas campanhas de Salvador e de São Paulo. Coincidência ou não, o candidato na capital baiana, Nelson Pelegrino, não compareceu ao encontro, e o postulante à prefeitura paulista, Fernando Haddad, chegou mais tarde e saiu mais cedo. Para os demais, Lula poderá gravar inserções na propaganda na TV e no rádio. Mas resta uma esperança: o ex-presidente encarregou o presidente nacional petista, Rui Falcão, de destacar prioridades que, de acordo com as possibilidades, serão encaixadas na agenda. Quem participou da reunião saiu ao menos com uma foto para utilizar nesta segunda fase da disputa eleitoral.

Presidente do Diretório Estadual do Paraná e candidato à prefeitura de Maringá, Ênio Verri passou pela sede nacional petista com um pedido, no mínimo, delicado: gostaria que Lula se envolvesse pessoalmente na corrida em Curitiba, que tem no segundo turno Gustavo Fruet (PDT) contra Ratinho Jr. (PSC). Verri garante que Fruet, outrora um deputado federal do PSDB que fazia críticas ácidas a Lula, não tem mais problemas com o líder do PT. Segundo o paranaense, os dois se encontraram recentemente em uma reunião e, embora não tenha ocorrido um pedido formal de desculpas pelas trocas de farpas no passado, as arestas foram aparadas. “Houve a construção de um novo centro político no estado do Paraná. Aliás, muito bem-sucedida porque nosso principal adversário é o (governador) Beto Richa. E o candidato do Beto Richa não foi para o segundo turno. Era dado como certo que ele iria.” A pedra no sapato de Verri é o fato de que o oponente de Fruet também pertence à base aliada de Dilma Rousseff. 

A presidenta, aliás, foi novamente citada na reunião em tom de cobrança: candidatos do partido gostariam que ela tivesse presença constante na campanha. Segundo os presentes, Lula defendeu Dilma afirmando que ela deve administrar o país e não dispõe do mesmo tempo que ele para se engajar no debate partidário.

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, passou por São Paulo para cobrar presença do ex-presidente na batalha para fazer de Elmano de Freitas seu sucessor. “Em Fortaleza, o Lula não foi nem em 2004 nem em 2008. Agora a presença dele é muito importante”, disse a prefeita, que se elegeu duas vezes a despeito das divergências com o comando nacional da sigla, que não a apoiou. Durante a conversa, Lula repetiu a avaliação que já havia antecipado no fim de semana. “Disse que o PT saiu vitorioso, que isso foi surpreendente para alguns setores. Para que se tenha uma ideia, no Ceará saímos de 15 para 30 prefeitos.”