Eleição no PT: Candidato da situação, Dutra vê consensos no partido

Considerado favorito, Dutra acredita que a maior parte dos filiados defende na necessidade de se garantir um “terceiro mandato do PT” (Foto: Divulgação/ Petrobras) Para José Eduardo Dutra, candidato à […]

Considerado favorito, Dutra acredita que a maior parte dos filiados defende na necessidade de se garantir um “terceiro mandato do PT” (Foto: Divulgação/ Petrobras)

Para José Eduardo Dutra, candidato à presidêncai nacional do PT nas eleições internas, a legenda encara uma disputa em que há mais consensos do que em edições anteriores. Representante da Construindo um Novo Brasil (CNB), que detém a maioria do diretório nacional além da própria presidência, o ex-senador e presidente da Petrobras tem apoio de duas outras tendências.

Neste domingo (22), o PT realiza primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED). A Rede Brasil Atual entrevistou cada um dos seis candidatos à presidência nacional do partido com base nas mesmas quatro perguntas.

A quarta edição da votação entre filiados define os presidentes e diretórios nacional, estaduais, regionais, municipais e zonais. A votação de cada chapa estabelece a composição do diretório de cada esfera. No caso do presidente, caso um candidato não obtenha maioria dos votos, há uma segunda votação entre os dois mais bem colocados.

Entrevista

José Eduardo Dutra

candidato à presidência nacional do PT

Considerado favorito, Dutra acredita que a maior parte dos filiados defende na necessidade de se garantir um “terceiro mandato do PT”. Ele sustenta ainda que é possível solucionar conflitos nos estados em que chapas do partido e de prováveis aliados na campanha nacional tenham divergências históricas.

Confira a entrevista:

RBA – O PT sempre se colocou com um partido que acolhe uma ampla diversidade de pontos de vista. Ainda assim, é possível apontar pontos de consenso entre as diferentes tendências?

No PT estabelecemos uma relação que se baseia no consenso progressivo, ou seja, não construímos nossas resoluções baseados apenas no princípio da majoritariedade, mas através do esgotamento do debate interno e na construção de sínteses. E se tem algo que nos unifica e nos fortalece para a disputa internamente estou certo de que é a necessidade de aprofundarmos cada vez mais as transformações em curso no nosso país. O que nos unifica é a continuidade do governo Lula, com a eleição do terceiro mandato do PT, que seja capaz de ampliar ainda mais os avanços e conquistas que o povo brasileiro teve nos últimos sete anos.

RBA – Quais são as principais divergências entre as propostas colocadas. Em outras palavras, o que diferencia sua candidatura das demais?

Por incrível que pareça esse é um PED sem grandes divergências entre os candidatos. Há muitos consensos colocados, como o fato de que a prioridade do PT no próximo período é a continuidade do nosso projeto em 2010 e que, para isso, teremos que construir alianças, dialogar nos estados e fortalecer o PT para conduzir este processo.

Não tenho problemas em dizer que sou o candidato da continuidade, porque o presidente Ricardo Berzoini se dispôs a disputar o PED no momento mais grave da nossa história e realizou um excelente trabalho, conduzindo o PT no rumo da unidade e do seu fortalecimento.

Minha militância vem do movimento sindical. Fui senador da República, presidente da Petrobrás e da BR Distribuidora e tenho muita honra de ser militante do PT há 29 anos. E é nessa condição militante que apresento minha candidatura, pois acredito que estou preparado para assumir essa tarefa.

Tenho plena consciência da responsabilidade e das tarefas que este cargo possui. Apóiam minha candidatura a CNB, corrente na qual eu milito, Novos Rumos, PTLM e diversas correntes locais. Contudo, se eleito, não serei o presidente da corrente A ou B, mas serei presidente do Partido dos Trabalhadores e irei trabalhar ao lado de todas as lideranças a construção desta tarefa.

RBA – O PED deste ano acontece com um pré-acordo já firmado nacionalmente com o PMDB para a eleição de 2010. Em sua avaliação, há aval das bases do partido para essa aliança?

A militância do PT sabe da importância desta aliança. O PMDB, com seus nove governadores e mais de 1.200 prefeitos, reforça e amplia a mobilização local da nossa campanha, já que, por mais que as eleições sejam nacionais, o debate se dá no município, no bairro de cada brasileiro, de cada brasileira.

Essa importância tem o mesmo peso com os nossos aliados tradicionais do campo democrático-popular – PSB, PCdoB e PDT – e para os partidos que hoje compõem a base do governo Lula. É fundamental darmos continuidade para esta base de apoio e, se possível, ampliá-la.

Um governo se constrói com diálogo, com aliança e o PT aprendeu isso. A experiência que adquirimos ao longo destes quase trinta anos de história nos dá total condição para reproduzir a aliança nacional nos estados e superar possíveis dificuldades, sempre respeitando as relações locais, mas compreendendo que o nosso projeto maior é o Brasil.

RBA – Qual papel o novo presidente e a nova executiva terão na definição de alianças regionais?

A disputa que está colocada nos estados não tem relação com o debate nacional e tem a ver com a dinâmica e com a conjuntura em cada estado. Devemos ter clareza para compreender que apresentar candidatura é algo legítimo e que deve ser trabalhado e dialogado primeiramente com o conjunto do PT. A nossa tarefa será debater com a militância petista e encontrar os caminhos para superar a disputa interna e integrar os processos locais ao projeto maior, que é o projeto nacional.