Atos antidemocráticos

Caminhoneiros bolsonaristas fecham rodovias em 12 estados

Contrários ao resultado das urnas, que deu vitória a Lula nesse domingo, caminhoneiros bolsonaristas começaram a fechar estradas em pelo menos 12 estados. Os bloqueios tiveram início horas após o anúncio da derrota do candidato à reeleição

Divulgação/Polícia Rodoviária Federal
Divulgação/Polícia Rodoviária Federal
Bloqueio de caminhoneiros bolsonarista contra vitória de Lula em Lucas do Rio Verde (GO)

São Paulo – Contrários ao resultado das urnas, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caminhoneiros bolsonaristas começaram a fechar estradas em pelo menos 12 estados. Os bloqueios tiveram início horas após o anúncio da derrota do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), oficializada pela Justiça Eleitoral pouco antes das 20h de ontem (30).

Segundo o portal g1, por volta das 10h30 desta segunda-feira (31) eram registrados 52 protestos distribuídos pelas estradas da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Na maior parte dos casos, o bloqueio era total. Ou seja, nenhum veículo conseguia passar nas vias invadidas pelos bolsonaristas, exceto alguns carros de passeio e ambulâncias.

PRF não desfaz os bloqueios dos caminhoneiros bolsonaristas

Ainda segundo o g1, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirma ter aberto negociação com os caminhoneiros, sem, portanto, ter adotado medidas para desbloquear as pistas, que somam 70. Mas não informou a localização de cada uma delas.

À revista CartaCapital, o líder dos caminhoneiros Wallace Landim, o Chorão, negou participação das lideranças da categoria. E disse que o número de caminhoneiros envolvidos é pequeno, configurando manifestações da extrema-direita.

“Eu jamais vou organizar um ato contra a democracia. Isso é coisa pequena, de parte dos caminhoneiros que apoiam Bolsonaro e são intervencionistas. Pessoal da extrema-direita que já vinha ameaçando”, disse. E chamou atenção para a localização dos bloqueios, em regiões que dão votação maciça ao candidato derrotado: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso.

Lojas Havan, de Luciano Hang, podem estar por trás dos atos

Landim considera que a manifestação pode ter origem entre os patrões, o chamado locaute. “Os caminhões que aparecem nas imagens, na maioria, são novos, o que aumenta a suspeita [de participação das transportadoras]”, disse. “Outro ponto é que em Santa Catarina, onde está maior o movimento, o ponto de organização é na maioria das vezes em frente à Havan”.

A pior situação é na BR-101, em Santa Catarina, em que veículos travam os dois sentidos da via. Um balanço oficial de estradas bloqueadas ainda não foi divulgado pela Polícia Rodoviária Federal, que apenas confirmou parte das manifestações.

Um dos temas mais comentados nas redes, os atos dos bolsonaristas têm apoio de aliados do candidato à reeleição derrotado, em movimento que lembra a resistência de apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Nos Estados Unidos, o episódio culminou com a invasão do Capitólio, que deixou mortos e feridos. No Brasil, até agora, o presidente Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a derrota nas urnas, motivo das manifestações nas estradas.

Redação: Cida de Oliveira, com g1 e CartaCapital