Câmara de SP cria comissão para evitar Coronel Telhada nos Direitos Humanos

PT e PSDB, donos das maiores bancadas do Legislativo, decidiram criar nova comissão e a petista Juliana Cardoso deve assumir a vaga de presidente de Direitos Humanos

Prefeito Fernando Haddad fala aos vereadores durante a primeira sessão do Legislativo paulistano (Foto: Fernando Pereira/Secom)

São Paulo – A Câmara Municipal de São Paulo desmembrou hoje (5) em duas a Comissão Extraordinária de Direitos Humanos, Cidadania, Segurança Pública e Relações Internacionais. A divisão foi acompanhada de um acordo entre as lideranças dos partidos com maior bancada para evitar que o vereador Coronel Telhada (PSDB), ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o grupo de choque da PM paulista, pudesse assumir o posto de presidente na Comissão Legislativa de Direitos Humanos.

A vereadora Juliana Cardoso (PT), uma das articuladoras do desmembramento, deve assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, e Telhada deverá disputar com o vereador Ari Friedenbach (PPS) a presidência da nova Comissão de Segurança.

Segundo Juliana, uma das principais prerrogativas dos direitos humanos é apurar violações e abusos por parte do Estado, principalmente de suas forças de segurança, e por conta do histórico profissional de Telhada, não faria sentido ele presidir a comissão. “É preciso saber qual o papel do vereador e como funciona uma casa legislativa”, afirmou ela.

Telhada, uma das estrelas da primeira sessão do Legislativo paulistano neste ano, por conta da manobra em torno de sua atuação, afirmou que a divisão e o argumento de Juliana Cardoso para minar sua ida para a comissão de Direitos Humanos demonstra “falta de educação e preconceito” por parte da vereadora.

“Se ela acha que direitos humanos não englobam os direitos dos policiais e que um policial não pode integrar uma comissão destas, então acho que os direitos humanos, neste caso, são só para as pessoas que não são direitas mesmo”, disse.

A indicação de coronel Telhada inicialmente para a Comissão de Direitos Humanos antes do desmembramento foi apoiada pela liderança dos tucanos na Câmara, mas o partido, dono da segunda maior bancada, apoiou a separação entre segurança pública e direitos humanos nas negociações ocorridas entre ontem e hoje. Telhada não é da ativa na PM desde novembro de 2011.

Hoje, durante sessão de abertura das atividades no Legislativo, o vereador Floriano Pesaro (PSDB), lider do PSDB na Câmara, confirmou o acordo e disse que seu partido apoia a mudança. Pesaro também afirmou que a bancada dos tucanos fará uma oposição “duríssima” ao governo do prefeito Fernando Haddad (PT).

Haddad possui maioria na Câmara, mas segundo o líder tucano, vai precisar saber negociar para evitar manobras como a obstrução da pauta por vereadores. “Ele pode ter maioria, mas um só vereador pode obstruir a pauta”, afirmou. Além dos tucanos, PHS, PPS, parte do PV e dos Democratas também integram a oposição a Haddad.

O prefeito esteve hoje na abertura do Legislativo e disse que tem grandes expectativas para sua administração e seu relacionamento com a Câmara. “O Executivo sabe de suas limitações e conta com o Legislativo para aperfeiçoar os projetos de lei que enviar”, disse.

Para a primeira sessão extraordinária da Câmara, que deve ser realizada amanhã, Haddad enviou dois projetos, um que repassa ao governo federal um terreno para a construção da universidade federal na zona leste, localizado na área onde funcionou a fábrica da metalúrgica Gazarra, em Itaquera. O outro repassa também ao governo federal uma área em Pirituba, zona oeste, para a construção de um instituto federal de educação.

Segundo o presidente da Câmara, o vereador José Américo (PT), outros projetos, como o que deve por fim à cobrança da taxa de inspeção veicular, só devem ser encaminhados após o carnaval.