Briga do Rio pelos royalties provoca trégua entre pré-candidatos ao governo

Em visita ao estado, vice-presidente Michel Temer diz acreditar que PMDB e PT chegarão a um acordo sobre a disputa pela sucessão de Sérgio Cabral

A queda de braço com outros estados pelos royalties fez Pezão (foto), Garotinho e Lindbergh se unirem momentaneamente (Foto: Fernanda Almeida. Flickr)

Rio de Janeiro – A momentânea união de forças entre os diversos setores da política fluminense em defesa da manutenção das receitas dos royalties da produção de petróleo acabou provocando uma trégua na crescente disputa entre os principais pré-candidatos ao governo do Rio de Janeiro. Desde anteontem (5), quando houve uma primeira tentativa de votação dos vetos presidenciais ao projeto dos royalties, o senador Lindbergh Farias (PT), o deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) deixaram as rusgas eleitorais de lado e podem até mesmo ser vistos juntos nos corredores do Congresso Nacional.

Efeito imediato dessa trégua, nenhum cacique local do PMDB acompanhou o presidente da República em exercício, Michel Temer, em sua breve visita hoje (7) ao Rio. Indagado sobre a possibilidade de seu partido rachar o palanque da presidenta Dilma Rousseff no estado em caso de o PT lançar mesmo a candidatura de Lindbergh, Temer disse acreditar em um acordo entre os dois partidos.

“Eu tenho certeza de que o governador Sérgio Cabral e os nossos dirigentes políticos aqui no Rio de Janeiro – com o nosso auxílio, com o auxílio do PMDB nacional e do PT nacional – chegarão a uma composição em torno desse assunto. Tenho certeza que, fruto dessa composição, o governador Cabral vai continuar a apoiar, como apoiou, a nossa chapa”, disse o vice de Dilma.

O vice-presidente creditou às questões locais as ameaças de rompimento feitas por dirigentes do PMDB no Rio: “O governador Cabral é muito voltado para o Rio de Janeiro e até costuma dizer com muita propriedade que a pátria dele é o Rio de Janeiro. Então, ele tem os interesses locais muito acentuados”, disse.

Três mosqueteiros

Nos últimos dias em Brasília, um observador incauto poderia até mesmo dizer que os pré-candidatos Pezão, Lindbergh e Garotinho disputam a indicação pelo mesmo partido. Juntos, os três foram à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para apresentar a proposta – rechaçada pelo Planalto – de um acordo com base no pagamento de uma indenização pela União aos estados não produtores. Em uma das reuniões na Câmara dos Deputados, Pezão chegou a se sentar ao lado da prefeita de Campos (RJ), Rosinha Garotinho (PR), de quem foi secretário quando esta era governadora do Rio, mas que passara a evitar desde que o casal rompeu politicamente com Cabral.

Enquanto o objetivo comum em relação aos royalties aproxima em Brasília os três futuros adversários, no Rio a batalha entre PT, PMDB e PR ganha corpo com as inserções dos partidos na televisão. Depois de Lindbergh se apresentar aos eleitores como candidato ao governo em programas assinados pelo marqueteiro de Lula, João Santana, foi a vez de Pezão assumir a telinha para se apresentar como o “tocador de obras do Cabral” e convidar as pessoas a conhecê-lo melhor no site da internet.

Finalmente, esta semana é Garotinho quem protagoniza as inserções em horário nobre na tevê. Ontem (6), o procurador regional eleitoral Maurício Ribeiro afirmou que espera apenas a chegada de cópias dos vídeos das inserções, já solicitadas aos partidos, para entrar com uma ação contra o PT e o PMDB por propaganda eleitoral antecipada. Tudo indica que a mesma medida será tomada contra o PR, num claro sinal de que no Rio, o processo de sucessão de Sérgio Cabral já começou.