"Deus, pátria, família"

Bolsonaro é golpista e vai tentar resistir com o que puder

Bolsonaro usa o lema recitado no discurso desta terça, conhecido como emblema do fascismo. Mensagens cifradas para a baderna anti-democrática

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Bolsonaro fez um discurso rápido, inteligente, bem construído e ameaçador, com endereço certo: a horda de seguidores

São Paulo –O “discurso” de cerca de dois minutos desta terça-feira (1°) no Palácio da Alvorada – quando se esperava que Jair Bolsonaro (PL) reconhecesse a vitória do eleito Luiz Inácio Lula da Silva – foi classificado pela imprensa em geral como “raso”, “medíocre”, “estreito”, “derrotado”. Porém, na avaliação de setores midiáticos da oposição, não foi nada disso. Foi um discurso rápido, forte, inteligente, bem construído e ameaçador, com endereço certo: a horda de seguidores que promoveram paralisações das estradas do país. A tática repete o ocorrido no Chile de Salvador Allende em 1972.

O objetivo deles pode fracassar, mas é esse. “Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de ‘injustiça’ de como se deu o processo eleitoral”, disse Bolsonaro. A sinalização é clara: está de acordo com a fala golpista do capitão desde sempre, e deixa no ar a possibilidade de contestar a posse do sucessor. Um copia e cola de Donald Trump nos Estados Unidos em janeiro de 2021.

Mesmo que os bloqueios de caminhoneiros às estradas acabem, como se prevê, não se sabe o que o bolsonarismo e aliados podem inventar até a posse de Lula, em 1° de janeiro, daqui a ainda dois meses.

O lema fascista

“Deus, pátria, família e liberdade”, o lema de Bolsonaro recitado ao fim de seu breve discurso, é a bandeira do fascismo com o acréscimo da palavra “liberdade”, empregada segundo o conceito do bolsonarismo: por exemplo, a liberdade de descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal (o que é crime) ou de perseguir um homem negro com arma em punho pelas ruas da cidade de São Paulo, como fez a deputada Carla Zambelli, reconhecidamente uma extremista aliada do atual presidente da República.

O alerta é claro. Bolsonaro não está morto. Seu discurso deste dia 1° deixou claro que ele vai tentar resistir. Com caminhoneiros clandestinos ou armas. Ainda não se sabe.

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