Parlamento

Berzoini diz que é preciso ‘reaglutinar’ base aliada e pede melhor diálogo do governo

Deputado acredita em possibilidade de aprovar emenda para que pontos da reforma política entrem em vigor já em 2014. Vaccarezza se defende de críticas e lança portal para debater sugestões

Zeca Ribeiro/Câmara

Vaccarezza se defende de críticas afirmando que estará ao lado da posição do PT na reforma

São Paulo – O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) disse hoje (23), em entrevista à Rádio Brasil Atual, que é preciso haver mais diálogo entre o governo e lideranças da base aliada no Congresso Nacional e afirmou que a iniciativa cabe ao Palácio do Planalto. “O governo tem hábito de decidir posições e depois anunciar aos partidos, quando o correto num governo de coalizão é você construir as políticas junto com os partidos para ter depois sucesso na votação no Congresso.”

Segundo o parlamentar, “os partidos precisam ter solidariedade ao governo e o governo precisa ter generosidade de discutir previamente as propostas antes mandar para o Congresso Nacional”. Na atual conjuntura, Berzoini considera necessário “fazer um esforço conjunto para reaglutinar a base aliada”, que, para ele, está dispersa nos últimos seis meses. “Antes das manifestações (de junho) já havia um grau de dispersão que só se acirrou com a nova conjuntura.”

Ele afirmou também acreditar que ainda há tempo de se fazer a reforma política para valer já em 2014. Para isso, defende discutir com o Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade de que se aprove emenda constitucional sobre o prazo que se tem para aprovar mudanças que entram em vigor já no próximo pleito. “Haveria uma anterioridade de seis meses, e não de 12, para dar tempo de processar algumas mudanças aprovadas por um plebiscito e depois transformadas em lei ou emenda constitucional pela Câmara e pelo Senado”, explicou Berzoini.

Vaccarezza

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo de trabalho sobre a reforma política na Câmara, disse que vai trabalhar de acordo com as posições do partido e se defendeu das críticas internas que tem sofrido de correligionários. “Votarei no plenário nas posições do PT, como sempre fiz em minha vida política, diferente de muitos que me criticam.”

Sobre viabilizar o plebiscito da reforma política defendido pela presidenta Dilma Rousseff após manifestações, afirmou que será fiel à proposta do partido. “Vou ajudar a coletar assinaturas. Estou esperando o texto, que até agora o PT não apresentou. Mais do que qualquer um, vou ajudar.”

Vaccarezza afirmou que o grupo de trabalho que coordena e o plebiscito “não se excluem”. “A comissão vai fazer um trabalho que é muito amplo, enquanto que no plebiscito são pontos, três, quatro ou cinco, não mais do que isso. Quero aproveitar a comissão para ajudar em mudanças profundas”. O parlamentar disse que são dois os pontos “centrais” de uma reforma política que considera ampla: o financiamento de campanhas e o sistema eleitoral.

Berzoini comentou a proposta de reforma política da OAB, com dois turnos em voto proporcional para as eleições parlamentares. Ele disse simpatizar com a ideia e defendeu o diálogo. “Obviamente não é a proposta do PT, mas não podemos ter ilusão de que vamos conseguir aprovar a proposta do PT. Temos de dialogar com outros setores e segmentos para poder chegar ao que seja razoável.”

O parlamentar reconhece que o PT se distanciou dos movimentos sociais e ressalta que as manifestações do mês passado devem ser respeitadas, mas ressalva que, na sua opinião, as demandas decorrem das conquistas proporcionadas pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “O PT entende que há demandas sociais importantes na saúde, na educação, transporte coletivo, mas isso não anula os ganhos de emprego, de renda, do Bolsa-Família e programas sociais que mudaram a qualidade das vidas das pessoas e impulsionam novas exigências de mais saúde, mais educação, mais transportes e reforma política.”

Para Berzoini, porém, “se setores do PT se sentem distantes do movimento social, evidentemente é a hora de se aproximarem mais e buscarem uma articulação entre o papel parlamentar e o papel dirigente e o papel dos movimentos sociais”.

Na entrevista ao Estadão, Vaccarezza disse que vai lançar amanhã (24) o portal da reforma política. “Quero que cada brasileiro envie sua proposta. Vamos fazer audiências públicas e aproveitar o trabalho já feito anteriormente, mas não como ponto de partida”, anotou, em alusão velada à proposta do deputado Henrique Fontana (PT-RS), engavetada em abril.

A ideia do portal e-Democracia é criar uma comunidade virtual para discutir e receber sugestões da sociedade sobre a reforma política. O lançamento da comunidade virtual será às 11 horas de amanhã na Câmara.