Promessas

Alckmin desiste do Expresso ABC; metrô na região só existe no papel

Obras iriam diminuir lotação da infraestrutura atual de transportes e facilitariam deslocamento dos moradores entre as cidades e a capital

Rodrigo Pinto/ABCD Maior

O Expresso ABC funcionaria paralelo à Linha 10 da CPTM

ABCD Maior – As obras para melhoria da mobilidade urbana no ABC paulista prometidas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ainda seguem sem previsão de sair do papel. O Expresso ABC da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que funcionaria paralelo à Linha 10 – Turquesa (Brás – Rio Grande da Serra), foi descartada pelo governo nesta semana. Enquanto isso, o início da construção da Linha 18 – Bronze do Metrô (Tamanduateí – Djalma Dutra), que ligará a região à capital, segue travado um ano após a assinatura da Parceria Público-Privada (PPP).

Idealizado desde 2006, o Expresso ABC serviria para desafogar o sistema de trens e, originalmente, teria apenas seis estações, sendo três no ABC – Mauá, Santo André e São Caetano – e três em São Paulo – Tamanduateí, Brás e Luz –, com 25,2 quilômetros de extensão. Prestes a completar uma década, porém, o governo do estado anunciou no começo a exclusão de 32 projetos de PPPs, entre elas, a linha que atenderia a região.

O Expresso ABC também cumpriria outra promessa feita pelo ex-secretário de Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes, em 2013, no Consórcio Intermunicipal. Desde o fim de 2011, a Linha 10 deixou de operar até a Luz, frustrando os usuários, que se viram obrigados a fazer baldeação no Brás para seguir viagem. No entanto, o então responsável pela pasta afiançou: “Quando o Expresso ABC estiver pronto, o nosso objetivo é voltar (a Linha 10) para Luz.”

O mecânico José Estevam Gazinhato, 56 anos, sai toda manhã de Mauá para usar a Linha 10. Além da lotação no horário de pico, o usuário criticou a lentidão e o cancelamento da obra do Expresso ABC até a Luz. “Isso também atrapalha os usuários da zona Leste das linhas 11 e 12 (– Safira da CPTM), que vêm já abarrotados de gente e agora dividem espaço com usuários do ABC”, pontua.

Rodrigo Pinto/ABCD Maiorjosé
José pega o trem por volta das 5h
Rodrigo Pinto/ABCD Maiorcreusa
Creusa sofre com lotação no trem

Cuidadora e acompanhante de idosos, Creusa Silvestre, 51 anos, reside em Ribeirão Pires e acredita que o Expresso ABC aliviaria a lotação da Linha 10 nos horários de pico. “Pego o trem lotado, porque geralmente muitos passageiros de Mauá vão para Rio Grande da Serra e voltam (no sentido capital) sentados. Seria ótimo uma linha expressa para chegar no horário ao trabalho, porque os trens também demoram”, considera.

Morador de Santo André, o arquiteto Jaime Gonçalves, 54 anos, fazia o trajeto passando pela Luz, mas agora descreve problemas para fazer a baldeação para a Linha 11 – Coral, vinda da zona Leste já com problemas de lotação. “Agora é preciso fazer a transferência (no Brás), mas o excesso de passageiros faz demorar ainda mais a subida pelas escadas para pegar o trem que vai até a Luz”, relata.

Em nota, a secretaria de Governo do estado, responsável pela gestão das PPPs, informou que o Palácio dos Bandeirantes não está excluindo projetos e sim “ideias de empresas ou consórcios privados”.

Guilherme Lara Campos/GESPmonotrilho
Metrô do ABCD teria formato de monotrilho, como a Linha 15

Só no papel

A Linha 18, que ligará São Paulo ao ABC, passando por São Caetano, Santo André e São Bernardo, completou um ano após a assinatura da PPP e ainda está no papel. Em 22 de agosto de 2014, Alckmin firmou contrato com o Consórcio Vem ABC, responsável pelas obras, que venceu a concorrência internacional pela parceria.

Na ocasião, Alckmin avaliou que a fase de desapropriações seria rápida, uma vez que o monotrilho teria o traçado feito por meio de vias elevadas. “(O início) é imediato. Agora é já iniciar a desapropriação, montar canteiros. Mas acho que a população vai sentir em 90 dias”, projetou.

Em nota, a secretaria de Transportes Metropolitanos atribui a situação à espera pela liberação de recursos da União, via financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da mobilidade.

O ministério das Cidades informou que não existe atraso nos pedidos de empréstimo e de recursos do Orçamento Geral da União para a Linha 18 e que essas demandas estão em análise nas áreas técnica e econômica.

A Linha 18 é prevista para partir da Estação Tamanduateí, na Capital, com conexão com a Linha 10 da CPTM e Linha 2 – Verde do Metrô (Vila Prudente – Vila Madalena) até a Estação Djalma Dutra, em São Bernardo. Uma vez pronta na totalidade, o ramal metroviário terá extensão de 15,4 quilômetros, com 13 estações e atenderá cerca 340 mil passageiros por dia.

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