Costuras

Lula espera levar a atos na Cinelândia e em Diadema avanços por aliança nacional com PSB

França deve apoiar Haddad ao governo e disputar Senado. No Rio, intelectuais defendem saída de Molon de disputa ao Senado e aliança ampliada entre PT e PSB

Antônio Cruz/ABR/Divulgação/GOVSP
Antônio Cruz/ABR/Divulgação/GOVSP
PT e do PSB dizem que divergências no interior da aliança serão decididas em bloco

São Paulo – Depois de reunir multidão de apoiadores em Salvador no último sábado, a pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê mais dois grandes eventos de massa em estados importantes. O primeiro na quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, e o segundo no sábado (9), em São Paulo. Até lá, terá feito também encontros com empresários, um deles na Fiesp, nesta terça (5), além de muitas reuniões políticas com objetivo de concretizar alianças que, resolvidas nos dois maiores colégios eleitorais do país, podem desencadear uma série de outras soluções regionais ainda pendentes para uma aliança entre PT e PSB.

Lula vai a Cinelândia, tradicional palco de manifestações no centro histórico do Rio de Janeiro, para o ato público “Sempre juntos pelo Rio”. Estará ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin, e do deputado federal Marcelo Freixo (ambos do PSB), seu candidato a governador no estado. Até lá, espera ter desatado um dos nós da coligação PT-PSB na eleição fluminense.O pré-candidatura ao Senado Alessandro Molon (PSB) permanece como um entrave para o entendimento entre os dois partidos. Como o PSB já tem Marcelo Freixo candidato o governado, o PT quer indicar nome de André Ceciliano (PT) para senador.

O impasse pode, inclusive, ameaçar o apoio do PT a Freixo – caso o PSB insista no nome de Molon –, embora seja difícil imaginar Lula mudando de ideia. Dirigentes do PT e do PSB têm dito que as disputas no interior da aliança serão resolvidas em conjunto, e não regionalmente.

Manifesto pela Unidade

Nesta segunda-feira (4), militantes e intelectuais de esquerda divulgaram uma carta aberta a Molon para que, em nome da unidade do campo democrático, desista da disputa ao Senado. Mais de 40 personalidades, como o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares, a socióloga Julita Lemgruber e a jurista Gisele Cittadino, assinam o documento.

“A postulação de sua candidatura ao Senado, embora legal e legítima, e fundamentada em seus méritos indiscutíveis, coloca em risco a coalizão suprapartidária, o mais poderoso instrumento político que se logrou formar, em décadas”, afirma o grupo. “Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador”.

Em entrevista ao jornal O Globo publicada ontem, Freixo também aumentou a pressão sobre a candidatura do colega de partido. “Entendo seu desejo de ser candidato, mas existe de fato um acordo (visando a uma aliança entre PT e PSB). Todos sabemos que ele existe, e precisa ser cumprido”, afirmou.

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Capital popular de Lula, como demonstrado em Salvador no sábado, favorece discussão de alianças regionais entre PT e PSB. Para Lula, força de palanques regionais será decisiva para ter maioria no Congresso, se vencer (Foto: Ricardo Stuckert)

Parada seguinte, Diadema

Dois dias depois da Cinelândia, Lula desembarca sábado em Diadema, na Praça da Moça, no ABC paulista, também tradicional polo de manifestações. Durante o final de semana, teriam avançado as conversas para que Márcio França (PSB-SP) desista da candidatura ao governo de São Paulo. Desse modo, passaria a apoiar o pré-candidato Fernando Haddad (PT) e ficaria com a disputa para senador. Ontem (3), França recebeu Lula e Haddad para almoço em sua casa, junto com Alckmin.

A saída do apresentador José Luiz Datena da disputa ao Senado favorece o nome França, conforme analistas ouvidos pela RBA.

A costura para a candidatura de França ao Senado envolveria ainda uma aproximação Gilberto Kassab. Ainda no sábado (2), conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, França convidou Kassab para ser seu suplente. A hipótese dos participantes do almoço é que França poderia ser nomeado ministro em caso de vitória de Lula, abrindo espaço para Kassab no Senado. De quebra, a articulação garantiria ainda maior aproximação do PSD com Lula.

Fator Kassab

Anteriormente, Kassab buscava jogada parecida com Datena, como suplente do apresentador, o que fortaleceria, inclusive, a chapa de Bolsonaro em São Paulo. O acordo giraria em torno de uma possível candidatura de Datena à prefeitura de São Paulo em 2024, quando então Kassab ocuparia a cadeira de senador. Mas a usual desistência do apresentador fez naufragar os planos do líder do PSD. Lula, Alckmin e Haddad querem aproveitar a oportunidade para convencer o ex-prefeito de São Paulo.

A aliança de Lula com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD-MG), para a disputa do governo de Minas Gerais, também ajuda a pavimentar o entendimento de Kassab com petistas e socialistas em São Paulo. “Estamos aguardando o Kassab, conforme combinado. O importante é o gesto dele em São Paulo por Lula”, afirmou França ao colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles. Kassab estaria consultando as bases do seu partido, segundo França, e deve dar uma resposta até amanhã (5).