Sob pressão de ano eleitoral, CPI do Metrô pode sair em São Paulo
Considerada impossível até recentemente, devido à ampla maioria da base de Geraldo Alckmin no Legislativo, comissão pedida pela oposição já tem 29 adesões. Faltam três
Publicado 21/02/2014 - 19h13
São Paulo – As eleições para deputados estaduais em São Paulo este ano podem pressionar parlamentares da base de sustentação do governador Geraldo Alckmin a rever sua fidelidade intocável ao Palácio dos Bandeirantes. E afrouxar a resistência contrária à Comissão Parlamentar de Inquérito que a bancada do PT tenta viabilizar na Assembleia Legislativa, para apurar a formação de cartel e denúncias de corrupção e pagamentos de propina nos contratos e licitações do Metrô e da CPTM.
Considerado de trânsito quase impossível até recentemente, o requerimento já conta com 29 das 32 assinaturas necessárias. PMDB e PSD, com cinco deputados cada um, são partidos dos quais a oposição espera conseguir os três votos que faltam.
Os deputados Jooji Hato (PMDB) e Osvaldo Vergínio (PSD), por exemplo, já sinalizam que se depender deles a comissão será instalada. “Eu assinaria essa CPI”, diz Hato. “Fiz e aceitei várias CPIs na Câmara Municipal de São Paulo, onde fui vereador por 28 anos. Todas as investigações são importantes”, justifica. “Tudo o que é irregular tem de ter CPI, concordo plenamente”, admite Vergínio.
Os dois parlamentares têm respostas semelhantes também sobre o porquê de ainda não terem aderido à instalação. “Sou de um partido, o PMDB. O mandato pertence ao partido. Tenho um líder, o deputado Itamar Borges. Já conversamos sobre isso. Não se decidiu. Se o partido decidir, eu votaria, sim, pela investigação”, explica Hato. “Tenho de esperar minha bancada. O que ela decidir, eu vou junto”, diz Vergínio. “A assinatura na CPI depende da minha líder, a Rita Passos.”
Para Hato, a demora na instalação da comissão pode fazê-la perder seu objetivo. “Se fosse antes, podia ter um papel mais importante. Não digo que é desnecessária, mas as investigações dos órgãos competentes, Ministério Público e Justiça, estão bem avançadas. Já estão indiciando vereador, secretários.”
A reportagem procurou os líderes do PMDB, Itamar Borges, e do PSD, Rita Passos, mas não obteve retorno.
Para Jooji Hato, nem a resistência, nem a adesão a uma investigação prejudicariam a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo pelo PMDB, caso a candidatura seja oficializada. “Nós do PMDB não temos nada a ver com essa falcatrua, então não vai prejudicar”, acredita.
O líder do PT na Assembleia, o petista Luiz Cláudio Marcolino, acredita que a pressão política será decisiva para as assinaturas chegarem a 32. “Cada dia que passa, com indiciamento de pessoas ligadas diretamente à cúpula do PSDB e agentes públicos sendo questionados pelo Ministério Público, vai ficando muito difícil os deputados da base do governador não assinarem a CPI”, diz.
Dissidência
O PMDB já tem um voto na lista de assinaturas, o da deputada Vanessa Damo. Mas a dissidência da peemedebista tem uma justificativa: no segundo semestre de 2013, após obter a aprovação de sua proposta de CPI para apurar irregularidades nos serviços de fornecimento de energia prestados pela AES Eletropaulo, ela não conseguiu efetivar a comissão após 13 tentativas. Sua assinatura na CPI do metrô foi uma resposta. “Fiz o que achei certo. Existe a prerrogativa de apurar os fatos e a CPI é importante”, justificou.
Dos 94 parlamentares da Assembleia paulista, apenas 25 são, em tese, de oposição: 22 do PT, dois do PCdoB e um do PSOL Eventualmente o apoio sobe a 26, já que Major Olímpio (PDT), costuma divergir de projetos do Palácio dos Bandeirantes. Olímpio, seu colega de bancada Rafael Silva, Milton Leite Filho (DEM), além de Vanessa, são os quatro votos que têm somado aos 25 da oposição no pedido de CPI do Metrô.
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