Negociação

Venezuela anuncia fim de diálogo com EUA por normalização das relações

Decisão foi tomada depois que futura embaixadora norte-americana na ONU disse que daria uma resposta à suposta repressão venezuelana

 

São Paulo – O governo venezuelano anunciou que o diálogo iniciado com os EUA há mês e meio na Guatemala para normalizar as relações entre ambos os países foi rompido, após as declarações da próxima embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela indicou na noite de ontem (19) que, com o respaldo dado pelo Departamento de Estado norte-americano à “agenda intervencionista” de Samantha Power, “a República Bolivariana da Venezuela dá por encerrado os processos iniciados nas conversas da Guatemala”.

Na última quarta-feira, durante sua audiência de confirmação do cargo perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, a futura embaixadora se comprometeu a “dar uma resposta à repressão da sociedade civil registrada em países como Cuba, Irã, Rússia e Venezuela”.

A Venezuela desqualificou as declarações da norte-americana e o próprio presidente Nicolás Maduro exigiu ontem uma retificação ao governo dos EUA. No entanto, uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, indicou hoje que “Samantha Power é uma candidata sobressalente extraordinária e incrivelmente competente. A respaldamos completamente”.

“A República Bolivariana da Venezuela jamais aceitará ingerências de nenhum tipo em seus assuntos internos”, indicou a chancelaria venezuelana em seu comunicado de resposta. Caracas reiterou que, como havia expressado Maduro, “construir uma boa relação com o governo dos Estados Unidos depende da prática do respeito mútuo e do reconhecimento absoluto e total dos princípios de soberania e autodeterminação”.

Nesse sentido, o governo venezuelano “rejeita categoricamente” as declarações de Samantha Power e assinala que suas opiniões foram “avaliadas e respaldadas” pelo Departamento de Estado, “contradizendo o tom e o conteúdo do expressado” pelo secretário de Estado, John Kerry, no encontro que manteve com o chanceler venezuelano, Elías Jaua, na Guatemala.

“É inaceitável e infundada a preocupação expressada pelo governo dos EUA”, indicou a chancelaria, ressaltando que o governo venezuelano “demonstrou amplamente que possui um sólido sistema de garantias constitucionais para preservar a prática e o respeito irrestrito aos Direitos Humanos”.

É a segunda vez, em 2013, que Venezuela e Estados Unidos interrompem um processo de normalização das relações bilaterais. O congelamento dos laços entre os países se deu em 2010, depois que a Caracas recusou a nomeação de Larry Palmer como embaixador norte-americano. Na época, Chávez negou a indicação após Palmer afirmar que as Forças Armadas venezuelanas estavam com o “moral baixo” e que guerrilhas colombianas poderiam estar se abrigando no país. Em retaliação, Barack Obama suspendeu o visto do embaixador da Venezuela.