dedo no golpe

Em discurso sem comprometimento, EUA dizem ‘confiar’ em instituições brasileiras

Porta-voz da Casa Branca reiterou posição já expressada por Barack Obama; analistas acreditam que governo dos EUA apoia destituição de Dilma Rousseff

Agência Brasil

Segundo o EUA, o Brasil está ‘sob escrutínio e pressão’ mundial, já que sediará os Jogos Olímpicos

Opera Mundi – O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse ontem (11) que os Estados Unidos confiam nas instituições democráticas brasileiras para superar a crise política que culmina no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que teve seu afastamento aceito pelo Senado Federal.

Perguntado durante sua entrevista coletiva diária sobre o processo contra Dilma, Earnest reiterou a posição já expressada pela Casa Branca em outras ocasiões e também pelo presidente norte-americano, Barack Obama, durante sua visita à Argentina em março.

“Temos confiança na durabilidade das instituições democráticas do Brasil para superar esta agitação política”, disse Earnest. “O Brasil tem um sistema de leis, uma democracia madura e um sistema estabelecido para lidar” com crises como a de agora, e “devem ser seguidas as regras que guiam essa democracia”.

Segundo o porta-voz, o Brasil está “sob escrutínio e pressão” mundial, uma vez que a crise política coincide com a organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, mas destacou que confia na superação desses desafios.

“Não se pode negar que este é um momento difícil para o Brasil e os funcionários governamentais que tentam liderar esse país”, afirmou Earnest.

“O Brasil está sob os focos internacionais, porque receberá os Jogos Olímpicos, portanto estão sujeitos a certo escrutínio e pressão, e os Estados Unidos estarão lá para ajudar nosso amigo a responder aos desafios”, acrescentou o porta-voz.

Segundo alguns especialistas, a postura dos EUA diante da tentativa de destituir a presidente brasileira indica apoio do país à saída de Dilma do poder. “O governo dos Estados Unidos vem guardando silêncio sobre esta tentativa de golpe, mas há poucas dúvidas quanto à sua posição”, afirma Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington. “Eles sempre apoiaram golpes contra governos de esquerda no hemisfério, incluindo, apenas no século 21, o Paraguai em 2012, Haiti em 2004, Honduras em 2009 e Venezuela em 2002.”

O senador Aloysio Nunes, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, apoiador do impeachment de Dilma e cujo partido, o PSDB, já anunciou que vai fazer parte de um provável governo liderado pelo atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), visitou Washington no dia seguinte à votação do processo na Câmara dos Deputados. Nunes se reuniu com autoridades como senadores e o subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado norte-americano e ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon.

Zika e Olimpíadas

Em relação ao grande número de casos de zika no Brasil e a proximidade dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o porta-voz lembrou que os Estados Unidos “ofereceram assistência às autoridades brasileiras à medida que tentam conter essa ameaça” e assegurar “o bem-estar dos atletas de todo o mundo”.

“Apoiaremos qualquer esforço nesse sentido”, declarou Earnest, que concluiu dizendo não saber ainda se Obama viajará ao Brasil para as Olimpíadas.