Sarkozy culpa governos socialistas por crise na Europa e irrita PSOE

Oposição espanhola exige que premiê Mariano Rajoy desautorize presidente francês

São Paulo – A corrida presidencial francesa acabou por interferir na disputa política da Espanha. O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), principal partido de oposição, revoltou-se com recentes declarações do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que culpou o governo socialista de José Luis Zapatero (2003-2011) pela crise que a Espanha enfrenta. O partido exige a intervenção de seu grande rival, o premiê espanhol Mariano Rajoy, para desautorizar o chefe de Estado vizinho.

 

A polêmica teve início ontem (5), quando Sarkozy, que tenta a reeleição e disputará o primeiro turno da corrida presidencial francesa no próximo dia 22, culpou os socialistas espanhóis e gregos pelas crises econômicas enfrentadas pelos dois países – e que o mesmo poderia ocorrer com a França caso os socialistas sejam eleitos.

A porta-voz do PSOE na Câmara de Deputados, Soraya Rodríguez, acusa Sarkozy de se interferir nos problemas espanhóis com motivações “eleitoreiras”.

O ataque

“Sete anos de governo socialista carregam a culpa pela profunda crise na Espanha. Não há um francês que deseja passar pelo que tem passado os gregos e agora os espanhóis”, em clara referência a seu principal adversário, François Hollande, favorito segundo as pesquisas. A declaração foi feita durante um comício na França, pouco antes dele apresentar seu projeto de governo.

“A França tem se segurando perante uma crise terrível. Foi o único país da Europa a aumentar seu poder aquisitivo todos esses anos (…) Vocês acham que os franceses querem passar pela situação da Grécia e da Espanha?”, disse o chefe de Estado francês em entrevista à rádio RTL. Os dois países citados por Sarkozy começaram a enfrentar as consequências da crise da dívida soberana e do euro durante governos socialistas de orientação de centro-esquerda.

Repercussão

Soraya Rodríguez rebateu as críticas do presidente francês, afirmando que a crise financeira tem um âmbito global, e é consequência “das políticas de direita do eixo franco-alemão”. Por essa razão, ela entende ser absolutamente necessário que Rajoy “defenda a Espanha” no plano internacional, desautorizando Sarkozy.

Mas o PP já sinalizou que não tomará qualquer iniciativa. A deputada Elvira Rodríguez disse que a análise de Sarkozy foi “muito acertada”. Ela apenas observou que a Espanha não deveria ter sido colocada no mesmo âmbito da Grécia, que passa por uma situação macroeconômica muito mais crítica.