Relatório mostra que Síria mantém centros de tortura

São Paulo – As agências de inteligência sírias estão operando uma rede de centros de tortura em todo o país onde os detentos são espancados com cassetetes e cabos, queimados […]

São Paulo – As agências de inteligência sírias estão operando uma rede de centros de tortura em todo o país onde os detentos são espancados com cassetetes e cabos, queimados com ácido e sofrem violência sexual, informou o Human Rights Watch em um relatório divulgado hoje (3). O grupo cobra que os crimes sejam investigados pelo Tribunal Penal Internacional.

O relatório identificou 27 centros de detenção que as agências de inteligência estariam usando desde março de 2011, quando o governo do presidente Bashar al-Assad começou a repressão aos protestos pró-democracia que se transformaram em uma revolta armada, o que reforça a linha de apuração dos relatores internacionais independentes enviados pela ONU. 

O Human Rights Watch disse que dezenas de milhares de pessoas foram detidas pelo Departamento de Inteligência Militar da Síria, a Direção de Segurança Política, a Direção Geral de Inteligência e da Direção de Inteligência da Força Aérea. O relatório informou que documentou mais de 20 métodos de tortura que “apontam claramente para uma política de Estado de tortura e maus-tratos e, portanto, constituem um crime contra a humanidade”.

O grupo informou que realizou mais de 200 entrevistas com pessoas que disseram que foram torturadas, incluindo um homem de 31 anos que foi detido na área de Idlib em junho e teve que se despir. “Então eles começaram a apertar meus dedos com um alicate. Eles colocaram grampos nos meus dedos, peito e ouvidos. Eu só podia tirá-los se eu falasse. Os grampos nas orelhas eram os mais dolorosos”, teria dito ele.

O Human Rights Watch pede que o Conselho de Segurança da ONU envie o caso da Síria ao Tribunal Penal, mas as duas tentativas de aprovar resoluções contra o país até agora fracassaram. China e Rússia, aliadas do governo do país asiático, vetam qualquer tentativa de punição ou de apuração mais profunda. 

A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, participou ontem (2) de um encontro a portas fechadas com integrantes do Conselho de Segurança. Segundo o porta-voz dela,  Rupert Colville, a leitura é de que o conflito está cada vez mais sectário e, aos poucos, “corroendo o tecido da sociedade”. No encontro, a alta comissária disse que a falta de proteção aos civis está cada vez mais aguda e limita o acesso à assistência humanitária e serviços básicos.

A maior preocupação, segundo o porta-voz, é que centenas de pessoas não conseguem sair de algumas cidades por conta do uso de armamentos pesados, bombardeios e conflitos armados. Navi Pillay disse ainda ao Conselho de Segurança que a “militarização do conflito deve ser evitada a todo custo.” Ela pediu ainda que o caso da Síria seja encaminhado ao Tribunal Penal Internacional.

Com informações da Reuters e da Rádio ONU