Direita na Europa

Premiê ultraconservador conquista quinto mandato em eleição na Hungria

Com a vitória desse domingo, Viktor Orbán poderá chegar a 16 anos como chefe de governo, um dos mais longevos da Europa

Wikimedia Commons
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Viktor Orbán conquista sua quarta reeleição consecutiva no país

São Paulo – O premiê da Hungria, Viktor Orbán, 58, foi eleito para o seu quinto mandato, o quarto consecutivo, neste domingo (3). Com 91% dos votos apurados, o Fidesz, partido fundado por ele, havia conquistado 135 das 199 cadeiras no Parlamento, enquanto a oposição tinha 56 assentos. Com a vitória na eleição da Hungria, Orbán poderá acumular 16 anos como chefe de governo, um dos mais longevos da Europa.

Com esses resultados, o populista de ultradireita repetirá o desempenho de 2010, 2014 e 2018 e obterá dois terços do Parlamento, a maioria que permite aprovar mudanças na Constituição sem depender da colaboração das demais forças políticas. Há quatro anos, sua vitória nas urnas foi de 133 cadeiras.

Em um discurso de dez minutos a seus apoiadores, em Budapeste, antes dos resultados finais, Orbán afirmou que seu partido tinha obtido uma “vitória imensa”. “Tivemos uma vitória tão grande que você pode vê-la a partir da Lua, e você certamente pode vê-la a partir de Bruxelas”, disse. O primeiro-ministro Húngaro é ferrenho crítico da União Europeia, que com frequência o questiona por retrocessos democráticos e suspeitas de corrupção.

Havia expectativa que a disputa deste domingo seria a mais apertada desde que Orbán assumiu o poder, em 2010, graças a uma coalizão dos seis principais partidos de oposição da Hungria, que puseram de lado suas diferenças ideológicas e formaram uma frente única, liderada pelo conservador Marki-Zay.

No entanto, mesmo em seu distrito de origem, Marki-Zay estava atrás do candidato do Fidesz, Janos Lazar, por mais de 11 pontos, com 74% dos votos apurados – sinal desanimador para o candidato a primeiro-ministro que havia prometido acabar com o que ele chama de corrupção desenfreada no governo e elevar o nível de vida, aumentando as verbas para escolas e hospitais em dificuldade.

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Partidos da oposição e observadores internacionais apontaram obstáculos estruturais para derrotar Orbán, como o viés pró-governo generalizado na mídia pública, o controle dos veículos de mídia comerciais por aliados do primeiro-ministro e um mapa das zonas eleitorais manipulado a favor da situação.

Edit Zgut, cientista política da Academia Polonesa de Ciências em Varsóvia, afirmou à agência de notícias Associated Press que uma vitória clara de Orbán permitiria que ele aprofundasse a linha autocrática, afastando dissidentes e capturando novas áreas da economia.

“A Hungria parece ter chegado a um ponto sem retorno”, disse ela. “A principal lição é que o campo de jogo está tão inclinado que se tornou quase impossível substituir o Fidesz nas eleições.”

Com informações da Folha de S.Paulo, DW e Opera Mundi