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Países-membros devem fortalecer Mercosul para enfrentar crise, diz Dilma

'A crise não pode ser razão para criarmos barreiras comerciais entre nós. Ela deve reforçar a integração', disse hoje a presidenta, durante 48ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Brasília

Roberto Stuckert Filho/PR

“Somos uma realidade democrática”, disse Nicolás Maduro, presidente da Venezuela

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff defendeu hoje (17), em plenária da 48ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, no Palácio de Itamaraty, em Brasília, que o bloco econômico é uma das ferramentas mais importantes para superar os efeitos da crise econômica mundial. A prova disso é que o comércio entre os países-membros cresceu 12 vezes desde a criação do bloco e o comércio mundial, apenas cinco. “A crise não pode ser razão para criarmos barreiras comerciais entre nós. Ela deve reforçar a integração”, disse.

Dilma ressaltou que as importações são de alto valor agregado, o que resulta em maior nível de emprego e renda nos países. “Oitenta por cento das exportações brasileiras originárias do bloco são de bens industrializados”, disse. A presidenta lembrou, porém, que houve uma desaceleração econômica internacional nos últimos anos e que é preciso ampliar as relações de desenvolvimento em todas as áreas. Ela também afirmou que a união dos países-membros tem efeitos positivos na execução de políticas para combater a pobreza, melhorar a distribuição de renda e promover emprego e ganhos salariais.

“A crise tem se mostrado persistente. A recuperação das economias avançadas ainda é frágil e as perspectivas do crescimento global continuam incertas. Por essa razão, muitos de nossos países encontram-se empenhados em reformas domésticas”, disse. “Durante a presidência brasileira do Mercosul, trabalhamos, com os demais países, no aperfeiçoamento da oferta do bloco para a União Europeia. E definimos, com o lado europeu, o objetivo de proceder a troca de ofertas no último trimestre deste ano.”

Nos últimos seis meses, período em que o Brasil conduziu o bloco, foram realizadas reuniões com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), com o Líbano, a Tunísia, a Coreia e o Japão. “Apresentamos à Aliança do Pacífico proposta para aprofundamento do diálogo entre os dois blocos”, disse Dilma, que defendeu que o bloco deve continuar fomentando o intercâmbio de produtos e retomando a fluidez entre os países-membros.

Durante a reunião, o presidente do Paraguai, Horácio Cartes, assumiu o comando do Mercosul. Dilma disse estar certa que a busca por novos mercados continuará sendo uma prioridade e que “todos seguiremos comprometidos em obter resultados concretos no mais breve prazo”. Cartes presidirá o bloco pelos próximos seis meses.

“Estou convencido de que devemos fixar metas realizáveis e mensuráveis, colocando todos os esforços para concretizá-las na maior brevidade possível. O mundo nos observa, então, façamos realidade do bloco a integração”, disse Cartes. “O Paraguai propõe mercado livre e sem travas entre os países, além do apoio político e técnico dos governos de todos os Estados do Mercosul com o compromisso de servirmos aos cidadãos para conseguirmos, cada vez mais, melhores condições de vida”, completou o presidente paraguaio.

Democracia

Durante a sessão plenária, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Argentina, Cristina Kirchner, defenderam o fortalecimento dos regimes democráticos na América do Sul e que os países devem ficar atentos para impedir o surgimento de novas ditaduras.

“Temos de fortalecer mais do que nunca a democracia. É uma conquista do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) a cláusula democrática, que significa que, caso um governo seja derrubado sem eleições livres e democráticas, perde imediatamente o caráter de Estado-membro das organizações”, afirmou Cristina.

Para Maduro, o Mercosul é um projeto democrático, que ele deve ser fortalecido com atenção às necessidades e à realidade da região. “Pensam em sumir conosco, mas não poderão desparecer conosco. Somos uma realidade democrática. Somos um projeto democrático, inclusivo”, disse. “É preciso que se reconheça que temos um presidente índio (Evo Morales) e que há um movimento bolivariano. Estamos vivos e de pé. Existimos e nada vai nos apagar do mapa, nem campanhas midiáticas, nem políticas”.

Com informações da Agência Brasil, do Palácio do Planalto e do G1