Crise e instabilidade

Novo primeiro-ministro do Reino Unido é o conservador Rishi Sunak

Terceiro premiê em menos de dois meses, Sunak foi o único candidato a conseguir o apoio mínimo do Partido Conservador. Tem pela frente desafios nas áreas política e econômica em um pais mergulhado na inflação e perda de poder aquisitivo da população

HM Treasury/Commons Wikimedia
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O novo-primeiro Rishi Sunak

São Paulo – O ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, do Partido Conservador, foi anunciado hoje (24) o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Não houve concorrência, já que seu rival, Boris Johnson, desistiu da disputa. Sunak então obteve os votos necessários nas eleições internas de sua legenda. No entanto, a posse oficial como primeiro-ministro de Sunak depende do convite do rei Charles III, o que é considerado mera formalidade.

No Reino Unido assume como primeiro-ministro o presidente do partido com maioria no Parlamento, no caso, o Partido Conservador. Para ser o líder, o candidato necessita do apoio de, pelo menos, 100 parlamentares da legenda. Na última quinta-feira (20), a então primeira-ministra Liz Truss renunciou. A última eleição havia sido definida há pouco mais de um mês, em 5 de setembro.

Sunak, de 42 anos, é o terceiro primeiro-ministro do Reino Unido em menos de dois meses. E enfrentará grandes desafios, como cortar gastos e aumentar impostos em meio a uma conjuntura de aumento das taxas de energia, alimentos e hipotecas.

Além disso, vai presidir um partido que enfrenta uma crise após a outra e com uma população cada vez mais irritada com os políticos. “O Reino Unido é um grande país, mas enfrentamos uma profunda crise econômica”, disse Sunak nesse domingo (23), em comunicado declarando sua candidatura.

Inflação e perda do poder aquisitivo no Reino Unido

Um dos favoritos, Boris Johnson disse que não poderia mais unir o partido após um dos períodos mais turbulentos da história política britânica. Por isso não chegou a se candidatar. Penny Mordaunt, líder da Câmara dos Comuns , outra possível concorrente, não conseguiu apoio mínimo e retirou a candidatura minutos antes do anúncio.

A Grã-Bretanha enfrenta inflação de dois dígitos, recessão, altas nos custos hipotecários, das taxas de juros e os preços de alimentos e combustíveis, devido à guerra na Ucrânia. Na ponta, os britânicos têm renda real em queda e a pressão sobre o governo, também para ajudar as famílias vulneráveis, é cada vez maior.

Para equilibrar a piora no déficit orçamentário devido aos custos de empréstimos, o próximo primeiro-ministro provavelmente terá de cortar gastos e aumentar impostos. Em comunicado emitido nesse domingo (23), sobre sua candidatura, Sunak disse que o país enfrenta uma “profunda crise econômica”.

Novo primeiro-ministro terá também de controlar divergências em seu partido

Entre fevereiro de 2020 e julho e 2022, Sunak colocou a carga tributária na Grã-Bretanha no maior patamar desde a década de 1950. E também permitiu maiores gastos públicos, mas com mais disciplina e cortes de desperdícios.

Crítico da agenda de corte de impostos de Truss, alegando que só se corta com inflação controlada, traçou um plano para reduzir o imposto de renda de 20% para 16% até 2029. Sunak apoiou a independência do Banco da Inglaterra, ressaltando a importância da política governamental trabalhar ao lado do Banco Central para domar a inflação.

Sunak terá também muitos desafios políticos. Um dos primeiros será controlar seu partido, com grande maioria no Parlamento, mas dividido entre correntes divergentes em questões-chave, como o Brexit (apoiado por Sunak), a imigração e a gestão econômica. Nesse ambiente, impostos mais altos serão fortemente criticados por integrantes do partido. Haverá também oposição aos cortes de gastos em áreas prioritárias, como saúde. E por outro lado, exigências para o cumprimento das promessas do governo de controlar a imigração, questão que muitos legisladores conservadores veem como fundamental para conquistar os eleitores na próxima eleição.