Brasil voltou

Nas Nações Unidas, Silvio Almeida propõe aliança mundial contra o ódio

Na tribuna, ante representantes de dezenas de países, ministro dos Direitos Humanos disse que novo governo encontrou “quadro de desmonte e crueldade”

Violaine Martin/ONU
Violaine Martin/ONU
“Nossos países assistem perplexos à rápida propagação de discursos de ódio"

São Paulo – Em discurso nas Nações Unidas, em Genebra, na Suíça, nesta segunda-feira (27), o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, destacou que “o Brasil voltou” ao cenário mundial, e propôs uma aliança contra o ódio. Ele comentou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva encontrou internamente, ao assumir, “um quadro escandaloso de desmonte, negligência e crueldade”. Segundo ele, para os brasileiros, é chegado “o momento de transpor os abismos que nos dividem” e “o momento de construir”.

A fala é uma referência ao projeto de destruição de Jair, Bolsonaro, que ao assumir em 2019 declarou que sua missão era “desconstruir muita coisa” e “desfazer muita coisa”. O que de fato fez. O ministro brasileiro lembrou que o ano de 2023 marca os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por isso, em sua opinião, “devemos olhar para trás e refletir sobre tudo o que conquistamos. Mas devemos também ter a coragem de olhar para frente e ver o quanto nos falta ainda para garantir a dignidade humana, a paz e a prosperidade para os nossos povos”. Tal responsabilidade, no Brasil, se tornou maior depois de quatro anos de bolsonarismo.

Yanomami, Marielle, Bruno e Dom

Nesse contexto, Almeida citou a crise dos yanomami e os assassinatos da vereadora Marielle Franco, em 2018, e como do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em 2022, como simbólicos da reconstrução.

“Lutaremos para que o brutal assassinato de uma promissora política brasileira – mulher negra e corajosa defensora dos direitos humanos, Marielle Franco, não fique impune e grave na memória e no espírito da nossa sociedade a dignidade da luta por justiça”. “Isso também vale para o covarde assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips e de tantos outros defensores de direitos humanos”, prometeu, na 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.

Almeida propôs quatro alianças em sua fala no conselho da ONU. A aliança da sobrevivência, pela vida decente, pelo direito ao desenvolvimento e, por último, a  aliança contra o ódio.

Racismo, xenofobia, sexismo, LGBTfobia

“Nossos países assistem perplexos à rápida propagação de discursos de ódio baseados no racismo, na xenofobia, no sexismo, na LGBTfobia. A extrema direita e o fascismo crescem e articulam-se por meio de redes que não conhecem fronteiras. Façamos com que o amor, a solidariedade e a paz também não conheçam fronteiras”, exortou, defendendo a “força da cooperação e do diálogo para fazer valer as promessas da Carta das Nações Unidas”.