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Mujica regulamenta uso de maconha para fins medicinais; médicos criticam medida

Sindicato dos médicos argumenta que uso terapêutico da droga não é ensinado nas faculdades do país e que profissionais não estão preparados para receitar a erva

efe

Presidente uruguaio, José Peje Mujica, participou ontem (6) da comemoração dos 35 anos do PT, em Minas

Após legalizar a venda de maconha no país, o presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, aprovou a regulamentação do uso da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. “Está permitida a plantação, cultivo, colheita e comercialização da cannabis psicoativa e não psicoativa para uso, de forma exclusiva, para pesquisa científica”, diz o texto. Integrantes do sindicato médico, no entanto, criticaram a medida.

Na última quarta-feira (4), Mujica assinou o decreto que determina que pessoas maiores de 18 anos poderão comprar a droga em farmácias habilitadas portando receita médica. A publicidade do uso com este fim, no entanto, está proibida e a fiscalização será realizada pelo Ministério de Saúde Pública.

A medida provocou críticas entre a comunidade médica. Após conhecer o conteúdo da decisão, o vice-presidente do sindicato médico, Gerardo Eguren, afirmou que médicos uruguaios não estão preparados para receitar a droga. “Na faculdade nunca nos disseram que maconha é medicinal. Não considero que estejamos em condições. A grande maioria de nós nunca estudou os usos medicinais da maconha na faculdade”, disse em declarações ao jornal uruguaio El País.

Apesar da posição do vice-presidente, o sindicato não tem uma posição definitiva e deverá convocar, para abril, uma conferência sobre a questão. A responsável pelo tema na agremiação, Julia Galzerano, afirmou que o encontro será realizado com fins de esclarecer a comunidade médica a respeito. “É uma substância que gera muita controvérsia”, disse.

Galzerano, no entanto, considera que a aprovação da lei é positiva, mas ressalta que “ainda faltam estudos para apontar se a maconha é um tratamento melhor que outra substância. Creio que falta muita informação sobre o tema”, concluiu.

Em dezembro de 2013, o Parlamento sancionou uma lei regulamentando a venda de maconha, mas a comercialização em farmácias está atrasada devido aos sucessivos adiamentos do processo. Atualmente, cerca de 1.300 uruguaios cultivam a erva para autoconsumo, de acordo com dados da Junta Nacional de Drogas.