Sem consenso

Lula recebe no domingo a presidência do G20 em cúpula marcada por divisão

Sem Putin e Xi Jinping, evento ocorre em Nova Délhi neste fim de semana em meio a divergências sobre guerra na Ucrânia e recente ampliação do BRICS, que incomoda o Ocidente

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula e Janja chegam a Nova Délhi, nesta sexta, para participar da cúpula do G-20 no fim de semana

São Paulo – O avião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pousou por volta das 20h45 em Nova Délhi, nesta sexta-feira (8), 12h30 no horário de Brasília. Lula está na Índia para participar, neste fim de semana, da 18ª Cúpula do G20, grupo das 19 economias mais industrializadas do mundo mais a União Europeia. A questão do etanol como combustível alternativo e a luta contra a desigualdade são dois pontos que serão debatidos, segundo disse o próprio Lula na terça-feira (5).

A cúpula em 2023 marca o final da presidência rotativa do bloco pelos indianos. O Brasil assume o comando do G20 no dia 1º de dezembro, mas a presidência será transmitida de forma simbólica a Lula pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao fim da reunião.

O evento ocorre em meio a divergências entre os países-membros, principalmente em torno de um posicionamento sobre a guerra na Ucrânia. Por conta disso, a cúpula terá dois desfalques significativos. O presidente chinês, Xi Jinping, não comparecerá à reunião, e será representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. O líder russo Vladimir Putin também não irá.

Os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França), o premiê britânico Rishi Sunak, o chanceler alemão Olaf Scholz, o príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman e o premiê japonês Fumio Kishida estarão na cúpula.

G20 ou Brics?

Além da guerra, as divergências no interior do G20 são provocadas pela consolidação e a recente ampliação do BRICS, cujo fortalecimento está longe de agradar as grandes potências ocidentais. Esse incômodo foi verbalizado por Macron no final de agosto. Na ocasião, ele afirmou que “a expansão do BRICS mostra uma intenção de construir uma ordem mundial alternativa à atual”.

Formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS convidou Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para serem novos integrantes. O convite foi feito durante a cúpula realizada em agosto.

Programação da cúpula

Na programação oficial da cúpula do G20 neste fim de semana, estão previstas ao menos três sessões temáticas principais. No sábado, Lula participa de duas: no painel “Um Planeta”, sobre desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, preservação ambiental e emissões de carbono; e também na segunda sessão, “Uma Família”, que abordará crescimento inclusivo, educação, saúde e liderança das mulheres.

No domingo (10) será realizado o terceiro painel, intitulado “Um Futuro”. Os temas serão as transformações tecnológicas, a infraestrutura pública digital, reformas multilaterais e o futuro do trabalho e emprego. Na sequência da terceira reunião, haverá a cerimônia de transferência da presidência do G20. 

Após assumir o G20, em 2025 o Brasil vai presidir os BRICS e realizar a COP30, em Belém. “São três megaeventos que vão dar ao Brasil uma visibilidade diferente do que ele teve nos últimos anos”, afirmou Lula na terça-feira, no programa Conversa com o Presidente.

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