Hillary defende, mas Honduras não voltará agora à OEA

Presidente deposto envia documento à organização pedindo que não se negue a tragédia que está ocorrendo no país centro-americano

Hilllary Clinton entende que Honduras tem mostrado compromisso no retorno à democracia (Foto: Juan Manuel Herrera. OEA)

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, defendeu nesta segunda-feira (7) a readmissão de Honduras na Organização dos Estados Americanos (OEA). O país centro-americano está suspenso desde o ano passado devido a um golpe de Estado que derrubou o presidente legítimo, Manuel Zelaya.

Os Estados Unidos, que hesitaram em condenar o golpe, entendem que o país já cumpriu o requisito de retorno à democracia com a eleição de Porfírio “Pepe” Lobo à presidência. Outras nações, entre elas o Brasil, apontam por outro lado que o pleito ocorreu sob uma situação anormal, com amedrontamento dos contrários à derrubada de Zelaya e sem o funcionamento das instituições democráticas.

A Nicarágua chegou a apresentar um pedido para que a questão de Honduras fosse avaliada durante a 40ª Assembleia Geral da OEA, iniciada nesta segunda em Lima. “É hora de o hemisfério como um todo ir adiante e saudar Honduras de volta à comunidade interamericana. Ao mesmo tempo, precisamos encontrar formas de lidar com condições como a que levou ao golpe em Honduras, antes que se transformem em crises”, afirmou Hillary. Mas a maioria dos países entende que o assunto deve continuar sendo discutido a portas fechadas, entre ministros, até que volte a plenário.

O presidente deposto enviou um documento à OEA pedindo que não se esqueça a situação pela qual passa Honduras. Zelaya direcionou as críticas ao secretário-geral da entidade, o chileno José Miguel Insulza, que afirmou que todos estão de acordo com o retorno de Honduras, havendo discordância apenas em relação à data do reingresso. “Não aceitamos que você negue a tragédia que hoje vivemos os hondurenhos. Não pode nos pedir às vítimas que aquilo que aqui aconteceu se esqueça. Somos um povo exigindo justiça”, declarou.

A posição de que a situação em Honduras não retornou à normalidade é reforçada por uma instituição da própria OEA. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) deu sequência nesta segunda ao informe sobre a visita realizada ao país no mês passado. Em um comunicado, a CIDH apontou que há denúncias que respondem “ao mesmo padrão de violência originado no contexto do golpe de Estado”.

Israel

O Equador não conseguiu levar adiante a proposta de que se votasse um pronunciamento contra os ataques de Israel a embarcações de ajuda humanitária, gerando a morte de 13 pessoas nas duas últimas semanas.

Estados Unidos, Canadá e México frearam a iniciativa por considerarem que a questão deve ser deixada à Organização das Nações Unidas (ONU). O ministro de Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño, classificou o caso israelense de extrema gravidade e lamentou que a OEA se recuse a discutir o tema.