SEM FIM

Guerra entre Rússia e Ucrânia deve perdurar: ‘Acordo de paz é impossível’

Cientista político Gunther Rudzit diz que países são irredutíveis nas demandas e não há perspectiva para fim do conflito

Jernej Furman/Flickr
Jernej Furman/Flickr
Rudzit chama as negociações pela paz entre Rússia e Ucrânia de "jogo de cena"

São Paulo – A guerra entre Rússia e Ucrânia chegou ao 58º dia, nesta sexta-feira (22), e a possibilidade de um acordo de paz é “impossível”, na avaliação do cientista político Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM. Com a mudança constante de estratégias e objetivos no conflito, o especialista acredita que o combate pode durar anos.

Rudzit afirma que, desde o começo da guerra, os governos de Rússia e Ucrânia são irredutíveis sobre suas demandas e chama as negociações pela paz de “jogo de cena”. Ele compara o confronto do Leste Europeu com o conflito entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, que assinaram um acordo de cessar-fogo, mas não selaram a paz e estão em guerra há 50 anos.

“Esse acordo de paz é impossível. Os objetivos da Rússia e Ucrânia são opostos. Enquanto Putin quer o reconhecimento da independência da Crimeia, Donetsk e Luhansk, os ucranianos querem a saída das tropas russas do país. Então, o acordo de paz é fora da realidade. É um jogo de cena para vencer a opinião pública mundial”, afirmou o professor, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

Novos capítulos

Ontem (21), o governo da Rússia afirmou que capturou Mariupol, a cidade mais atacada desde o início da guerra contra Ucrânia e considerada estratégica para Moscou. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou ter desistido de capturar o complexo metalúrgico de Azovstal, onde mais de 2 mil soldados ucranianos se concentram.

De acordo com o especialista, o objetivo inicial de Vladimir Putin era tomar a capital Kiev, vencer a guerra rapidamente e mudar o governo ucraniano. Entretanto, não obteve sucesso e, agora, busca estabelecer, no sul da Ucrânia, uma ligação por terra que facilita o envio de equipamentos para a Crimeia. “O sul da Ucrânia, passando pelo mar de Azov e o porto de Mariupol, tem uma grande importância. Por isso, o governo russo concentra os esforços para tomar essa cidade”, explicou.

Em meio ao conflito, o governo de Joe Biden já anunciou um pacote de ajuda militar, no valor de US$ 400 milhões. Segundo Gunther, os Estados Unidos não querem Putin vencendo a guerra, mas também não podem fortalecer totalmente a Ucrânia, por medo de uma retaliação ainda maior dos russos, que podem escalar os ataques com armas nucleares.

“Esse conflito deve perdurar. O Ocidente não esperava que o governo ucraniano sobrevivesse. O exército da Ucrânia conseguiu resistir tanto que mudou a dinâmica da guerra e abriu a possibilidade para dois cenários: ou Putin tenta buscar o controle do leste da Ucrânia e reivindicar a independência desse território, ou indexar essas regiões. Isso torna possível um confronto que pode durar até anos”, analisou.


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