Governo da Síria coloca em dúvida cumprimento de acordo de paz

Negociador do acordo de paz na Síria, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, considera inaceitável a escalada de violência às vésperas da implementação (Foto: Denis Sinyakov / Reuters) São Paulo […]

Negociador do acordo de paz na Síria, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, considera inaceitável a escalada de violência às vésperas da implementação (Foto: Denis Sinyakov / Reuters)

São Paulo – A exigência feita pelo governo da Síria de novas garantias para o cumprimento do acordo de paz costurado pela Organização das Nações Unidas (ONU) colocou em dúvida o sucesso do plano de cessar-fogo, marcado para iniciar esta semana.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jihad Makdissi, disse em comunicado que a Síria exige uma contrapartida por escrito. “A Síria tem um plano de retirada militar já designado e sendo implementado, mas finalizá-lo e atingir o objetivo principal definitivamente exige garantias do outro lado e daqueles que os apoiam, para que cumpram os termos de paz”, afirmou. O presidente Bashar al-Assad quer que Catar, Arábia Saudita e Turquia se comprometam a não financiar grupos armados dissidentes.

O aumento da violência já levantou questões sobre o cessar-fogo. Ativistas da oposição afirmaram que dezenas de pessoas foram mortas e feridas neste domingo, o que levou o enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, a emitir comunicado se dizendo “chocado” com os episódios na Síria, que já deixaram mais de 9 mil mortos desde o ano passado. “Assim que nos aproximamos do prazo de 10 de abril, terça-feira, eu lembro o governo sírio sobre a necessidade de implementação total de suas promessas e reforço que o aumento recente da violência é inaceitável”, expressou.

Para o líder do Exército Sírio Livre, Riad al-Asaad, opositor ao presidente, o plano de paz elaborado por Annan está fadado a falhar. “O regime não vai implementar esse plano”, afirmou, acrescentando que seu grupo não tinha sido chamado a fornecer garantias por escrito de que colocaria um fim à violência na Síria. “Nós demos a nossa palavra de que se o regime se comprometer com o plano, então nós nos comprometeremos também. Nós somos honestos”.

O plano exige que o presidente sírio, Bashar al-Assad, começe a “retirar as concentrações militares dentro e ao redor das cidades” a partir de terça feira para um cessar-fogo que começaria 48 horas depois.

Porta-voz do mesmo exército, o coronel Qassem Saad al-Deen comprometeu-se a respeitar os termos acertados como Annan, mas colocou em dúvida o cumprimento por parte do presidente. “Se eles (as forças sírias) atirarem, nós vamos pegar em armas e lutar contra eles”, disse.

Paz na região

O papa Bento 16 dedicou a bênção da Páscoa a pedir pela paz no Oriente Médio. O líder católico de 84 anos ofereceu uma benção mais curta que o habitual da sacada central da basílica de São Pedro após a missa ao final da Semana Santa em Roma, à qual compareceram mais de 100.000 pessoas na praça de São Pedro. “Que a ressurreição de Cristo traga paz e esperança ao Oriente Médio e permita a todos os grupos religiosos, étnicos e culturais dessa região trabalhar juntos para o avanço do bem comum e do respeito dos direitos humanos”, afirmou.  “Particularmente na Síria, que termine o banho de sangue e se produza um compromisso imediato no caminho do respeito, do diálogo e da reconciliação, tal como pediu a comunidade internacional.”

Com informações da Reuters.