Fundador do Foro de São Paulo diz que não há modelo econômico sem democracia e liberdade

Buenos Aires – Há 20 anos, o senador Carlos Baráibar, da Frente Ampla Uruguaia, tornou-se um dos fundadores do Foro de São Paulo juntamente com o agora presidente Luiz Inácio […]

Buenos Aires – Há 20 anos, o senador Carlos Baráibar, da Frente Ampla Uruguaia, tornou-se um dos fundadores do Foro de São Paulo juntamente com o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes trabalhadores e políticos da América Latina. Baráibar, que também é um dos membros da Comissão de Relações Internacionais do Parlamento uruguaio, está em Buenos Aires participando da 16ª reunião da entidade.

Para ele, o Foro, em seus 20 anos de existência, já mostrou resultados concretos. Ele destacou que, há 30 anos, a América Latina estava cercada de ditaduras militares sangrentas. “Oitenta por cento dos países latino-americanos eram ditaduras. Há 20 anos, era a vez do neoliberalismo instalar-se no continente. Hoje, vivemos aqui uma era progressista. Estamos avançando sobre o neoliberalismo e fazemos isso dentro da democracia, produzindo um modelo econômico que substitua aquele implantado pelo neoliberalismo.”

Carlos Baráibar aponta que alguns aspectos do modelo neoliberal não são nem de direita nem de esquerda. É o caso, por exemplo, do controle da inflação, das moedas nacionais e das contas fiscais. “Estamos aplicando este modelo no Uruguai porque entendemos que qualquer governo – seja de esquerda ou de direita – tem de ter uma economia ordenada se deseja progredir e conseguir o objetivo de gerar empregos, que é a melhor forma de assistência social. Gerar empregos e, também, oferecer toda a cobertura necessária aos cidadãos.”

O senador uruguaio afirmou que o modelo progressista está sendo implantado nos países que formam o Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, podendo ser estendido a todos os países da América Latina. “Estamos desenvolvendo este modelo autônomo numa situação de crise mundial. Aqueles que nos diziam o que devíamos fazer não tiveram disciplina fiscal, gastaram mais do que podiam, envelheceram suas moedas e a nossa área do continente, que havia sido a ‘menina má’ do mundo ocidental, aplicou o modelo de governo progressista e um processo transformador que fez com que a crise na América Latina quase não fosse sentida”.

Segundo Baráibar, o resultado do modelo progressista em países como o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Peru está possibilitando a redução da pobreza e gerando uma economia forte, que é o fundamento para o bem-estar dos povos, com democracia e liberdade. “Acredito que não há nenhum modelo, por mais socialista que seja, que prescinda da liberdade. A liberdade e a democracia são componentes insubstituíveis dos modelos econômicos que, hoje, a esquerda está impulsionando na América Latina”.