EUA iniciam por Honduras fortalecimento da presença militar na América Central
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Publicado 29/06/2013 - 15h46
EUA fortalecem sua presença para enfrentar o que veem como ameaça contra a sua hegemonia, diz jornalista
Em declarações a Opera Mundi, a diretora do Programa das Américas do Centro para a Política Internacional (CPI), Laura Carlsen, diz que os EUA “querem ter mais controle sobre as estratégias de segurança interna dos países centro-americanos, sobretudo agora que vários governos progressistas ou de esquerda se instalaram na América Latina”.
“Nesse sentido”, continuou, “os EUA buscam fortalecer sua presença militar para enfrentar o que veem como uma ameaça contra a sua tradicional hegemonia na região”, disse.
Segundo o jornalista e comunicador social hondurenho Félix Molina, já há sinais visíveis que mostram a progressividade de tal intervenção no cenário hondurenho.
“Começou com a assinatura de um intercâmbio de inteligência e de experiências entre o regime de Porfirio Lobo e da Colômbia e depois veio a autorização para criar novas bases militares dos EUA em La Mosquitia e no Caribe. Assim mesmo, estamos assistindo à chegada de altos funcionários do Departamento de Estado e à intervenção direta no processo de avaliação do Ministério Público, de depuração da polícia e da criação de várias leis”, assegura o jornalista.
Entre as leis questionadas, Molina citou a Lei Antiterrorista, a Lei de Intervenção de Comunicações Privadas, a Lei de Inteligência Nacional e a Lei de Extradição para Hondurenhos. Em março passado, o subsecretário-adjunto de Estados do Escritório Antinarcóticos dos EUA, William Brownfied, anunciou a aprovação de um financiamento de US$ 16,3 milhões para criar uma força-tarefa policial para combater os crimes mais graves.
‘Duplo discurso’
Manter Honduras nas primeiras páginas dos jornais e dos noticiários como o país mais violento do mundo e como um Estado falido seria, então, parte da estratégia norte-americana para justificar uma possível intervenção factual. “Os EUA mantêm um duplo discurso para garantir seus objetivos e prioridades estratégicas. Estamos vendo um incremento de sua presença e de suas bases militares na região, assim como de seus projetos sociais e de cooperação, que ocultam seus verdadeiros interesses”, explica a ex-diretora de Assuntos Internos da Policia Nacional, Maria Luisa Borjas.
Um protagonismo silencioso e sutil em sua aparência, mas muito eficaz na prática, que de acordo com Molina busca fortalecer institucionalmente o aparato de segurança de Honduras, mas que na realidade “mira fortalecer o Exército, isto é, o aparato que monopoliza a violência no Estado hondurenho, e em garantir seu controle hegemônico”.
Recentemente, 21 senadores norte-americanos enviaram uma carta ao secretário de Estado, John Kerry, assinalando como um “fracasso decepcionante” o processo de depuração. Assim mesmo, exigiram uma “prestação de contas” dos fundos desembolsados pelos EUA e destinados ao Exército e à polícia hondurenha. “Devemos nos assegurar de que os fundos norte-americanos não estejam permitindo violações desenfreadas dos direitos humanos, incluindo por membros das forças armadas de segurança de Honduras que atuam amparadas pela impunidade”, diz a carta.