O horror

Embaixador palestino agradece postura de Lula pela paz e pede que jornalistas mostrem a verdade

Mais de 70% do território de Gaza está destruído, afirma o diplomata. São mais de 15 mil mulheres e crianças assassinadas e mais de uma centena de jornalistas mortos

Nações Unidas
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São Paulo – O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em conversa com jornalistas nesta terça-feira (27), em Brasília, agradeceu a postura do governo brasileiro em defesa da paz. Além disso, ele fez um apelo para que a imprensa mostre os horrores do massacre em curso na Faixa de Gaza. “Apelamos a vocês, amigos jornalistas, para que nos ajudem a mostrar a situação verdadeira, dramática e triste na Palestina”, afirmou.

De acordo com informações do embaixador, mais de 70% do território de Gaza está em ruínas após a chuva de bombas israelenses. Os mortos são mais de 30 mil, sendo mais da metade mulheres e crianças. Assim, Alzeben pediu ajuda. “É um ato de solidariedade por vossa parte e um ato corajoso de profissionalismo da imprensa”, disse. Também estavam presentes na entrevista coletiva os embaixadores de Iraque, Líbia, Marrocos, Líbano, Síria e da Liga dos Estados Árabes, que representa os 22 países da região.

“Três quartos de Gaza estão destruídos. O último quarto que sobra está lotado com 1,6 milhão de cidadãos condenados a um destino desconhecido. O resto de seus habitantes são refugiados, expulsos ou possivelmente morrendo de fome. Os hospitais em Gaza não estão funcionando. As padarias não têm farinha, nenhum combustível”, disse o diplomata, em entrevista à Rádio Nacional.

Genocídio em curso

Dessa forma, o embaixador elogiou a coragem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por dar voz aos palestinos em foro internacional. “Todos os elementos dos atos no terreno mostram a existência de genocídio, atos premeditados e praticados em série”, lamentou.

“Então, estendo homenagem à postura excepcionalmente corajosa do senhor presidente Luiz Inácio Lula, símbolo e líder do Sul Global, que apelou e continua a apelar pelo fim da guerra de genocídio e pelo estabelecimento da paz para que nossos povos possam viver em harmonia. E quando digo ‘nossos povos’, o povo de Israel também está incluído”, completou o embaixador.

Por fim, sobre a declaração forte de Lula, que fez referência ao Holocausto, o embaixador disse ser uma postura necessária diante de um massacre contínuo. “Muitos falaram de chacina, de castigo coletivo, tragédia, calamidade pública, genocídio, terra arrasada. Até a palavra holocausto. O importante é pôr fim ao uso da força para resolver conflitos, pois nenhuma parte ganha com nenhum conflito e nenhuma guerra”, declarou.

Também hoje, cidadãos norte-americanos realizaram um ato de repúdio ao genocídio em curso. Eles hastearam 13 mil bandeiras da Palestina no parque ao lado do Capitólio, em Washington, em referência ao número aproximado de vítimas crianças.

Jornalistas vítimas em Gaza

Dados do Sindicato dos Jornalistas da Palestina mostram que o número de profissionais de mídia assassinados por Israel chegou a 126 nos quase cinco meses de guerra. “Muitas verdades foram soterradas com eles”, disse o embaixador. “A imprensa está proibida de estar presente e de atuar para realizar seu trabalho na Faixa de Gaza e, em muitas partes, também da Cisjordânia e de Jerusalém. Em quatro meses morreram mais jornalistas do que nos seis anos da 2ª Guerra Mundial. Na 2ª Guerra Mundial foram assassinados 67 jornalistas.”

Em razão da violência contra os jornalistas, entidades brasileiras realizam hoje um ato de repúdio. O chamado “Ato contra o massacre de jornalistas em Gaza” será realizado na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, mas tem caráter nacional. Também participam da organização o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Intervozes, Cebrapaz, CUT e União Nacional dos Estudantes (UNE).

“A mídia alternativa e independente é fundamental para fazer contraponto à cobertura da mídia hegemônica sobre o massacre em curso em Gaza. Viva o jornalismo comprometido com a verdade e a justiça ao povo palestino”, afirma o Sindicato dos Jornalistas, em nota. O evento contará com transmissão ao vivo a partir das 20h no YouTube. Assista:


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