São Paulo – Chega a 31 o número de mortos por um conflito entre presos no Centro de Reabilitação Santa Cruz Palmasola, na cidade de Santa Cruz de La Sierra, leste da Bolívia. Os detentos do Chonchocorito, a ala de segurança máxima da unidade, entraram em conflito na sexta-feira (23), e acredita-se que o alto número de vítimas tenha sido provocado pela explosão de dois botijões de gás de cozinha.

“O que nos cabe agora é continuar com as investigações, estabelecer responsabilidades. Pedimos que haja celeridade neste trabalho de tal maneira que quem tenha responsabilidade neste problema terá de assumi-la juridicamente”, disse ontem o ministro de Governo, Carlos Romero.

Palmasola, o maior presídio da Bolívia, com 4.400 internos, é famoso por ser controlado pelos próprios detentos, sem presença de agentes de segurança no interior dos pavilhões. Reportagem publicada pela Revista do Brasil em abril deste ano mostrou que a entrada é liberada mediante o pagamento de suborno aos homens que controlam os portões, e que a penitenciária funciona como um bairro: “Quem não tem dinheiro para consumir os quitutes do comércio local – como a maioria dos brasileiros, que não tem família ou amigos que mandem dinheiro – se vira com o “rancho”, como é chamada a comida levada pela polícia até a porta de cada pavilhão, três vezes ao dia”.

Calcula-se que 70 brasileiros vivam no local, mas, até agora, não há confirmação sobre a presença de algum deles na lista de mortos. O governo boliviano disse que pode demorar semanas para proceder à identificação das vítimas, carbonizadas após a explosão dos botijões e de uma briga na qual foram utilizados pedaços de madeira, facas e armas de fogo.

Há outros 37 feridos em estado grave nos hospitais de Santa Cruz, a maioria com graves queimaduras que em alguns casos abrangem entre 60% e 90% de seus corpos, afirmaram os meios de comunicação. O enfrentamento, aparentemente, foi motivado por disputa de poder.

Entre os mortos está uma criança de um ano e meio que seria uma das dezenas de menores que vivem em Palmasola com seus pais, uma prática aceita nas prisões da Bolívia quando os menores não têm outros familiares que os acolham.

Com informações da EFE e da Agência Boliviana de Informação.