análise

Para Vannuchi, Aécio deveria ter se ‘destacado’ mais durante debate da Band

Analista diz que o tucano é o candidato que mais se prejudicou com o novo quadro eleitoral

psdb

O tucano criticou o decreto presidencial que visa a fortalecer os mecanismos de participação popular

São Paulo – Para o analista político Paulo Vannuchi, o candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) deveria ter “se destacado mais” no debate de ontem (26), transmitido pela TV Bandeirantes. “Aécio é a pessoa mais duramente golpeada pela pesquisa do Ibope, ou seja, ele está fora do segundo turno se o cenário se mantiver”, afirma em seu comentário hoje (27) à Rádio Brasil Atual.

A presidenta Dilma Rousseff (PT) está à frente da disputa eleitoral, com 34% das intenções de voto, seguida de Marina Silva (PSB), com 29%. Em terceiro lugar, Aécio pontua com 19%, segundo pesquisa do Ibope divulgada pouco antes do debate.

Vannuchi considera que o tucano “não brilhou e também não foi nenhum fracasso” em suas colocações. O analista também pontua que esta é a primeira vez, em 20 anos, que o PSDB, partido que governa importantes estados brasileiros, como São Paulo e Minas Gerais, pode “ficar de fora” do segundo turno nas eleições presidenciais.

“A queda do número de empregos é um assunto que o Aécio não deveria ter impulsionado, não é favorável a comparação”, avalia. Vannuchi lembra que os governos petistas de Lula e de Dilma criaram emprego, ao contrário do período FHC, em que o país sofria com o desemprego.

“Dilma foi uma candidata que se apresentou bem, forte nos números, polarizando de cara contra o período FHC, tentando deixar Marina de lado para rivalizar com Aécio”, analisa.

O tucano criticou a Política Nacional de Participação Social (PNPS), Decreto Presidencial nº 8243, que visa a fortalecer os mecanismos de diálogo entre o governo federal e a sociedade civil. “Nesse momento ele ofereceu para Dilma a chance de dizer: ‘Olha, você não pode ter medo de participação popular, isso é muito bom para o país'”, destaca o analista.

Vannuchi questiona qual será a postura do PSDB frente à possibilidade de não ir para o segundo turno. “Aécio vai se confirmar com esse cenário e desaparecer da cena? Ele ataca Marina? Ele vai se articular com a mídia, para dizer: ‘Bom, eu afago Marina, não vou bater de frente, mas a mídia pode desconstruir.'”

Levando em consideração que o partido político de preferência da mídia tradicional é o PSDB, o analista indica que os grandes jornais estão “bagunçados”. Por um lado, os donos dos meios de comunicação têm críticas a Marina, principalmente pela sua defesa do meio ambiente e crítica ao agronegócio. De outro. jornalistas estão “entusiasmados” com a possibilidade de ela se tornar a nova presidenta.

Marina Silva indica que, caso eleita, será capaz de englobar os melhores políticos do PSDB e do PT no seu governo. O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem (26) que o seu partido deve apoiar Marina.

Vannuchi relembra que “outras ondas” eleitorais passaram, como foi o caso da candidatura de Ciro Gomes, em 2002. “Parecia que ia ultrapassar Lula e José Serra (PSDB), e não ultrapassou.” Outro caso similar, na visão do analista, é o de Celso Russomanno, que em 2012 liderou a corrida pela prefeitura de São Paulo durante boa parte do primeiro turno, mas acabou perdendo força na reta final e acabou ultrapassado por Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT).

Por fim, ele considera que “muita água vai rolar” durante esses 40 dias de campanha e que com o início do horário eleitoral gratuito a disputa começou “para valer”.

Ouça o comentário completo na Rádio Brasil Atual: