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Dilma defende movimentos sociais e diz que não se pode culpar a ‘vítima’

Presidenta rebate críticas às organizações populares e sustenta que mobilização social tenta reverter injustiças estruturais do país. 'Há uma situação extremada e você culpa o movimento por reivindicar'

ichiro guerra/fotos públicas

Dilma: “O que leva à invasão é a necessidade de moradia. Qualquer outra consideração estão desviando da questão”

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff defendeu hoje (15) em São Paulo a importância dos movimentos sociais na reivindicação e na elaboração de mais e melhores políticas públicas no país. Candidata à reeleição pelo PT, Dilma disse ainda que as organizações populares têm recebido críticas incompatíveis com o papel que desempenham na democracia brasileira.

“Eu vi muito preconceito em relação aos movimentos sociais”, pontuou a presidenta, lembrando os ataques sofridos por seu governo quando firmou um decreto regulamentando políticas de participação social. “Tivemos um nível de crítica que não é compatível com a importância das organizações. Disseram que estávamos afastando o Congresso. Não tem nada a ver.”

Dilma lembrou que os movimentos sociais participam da política brasileira fazendo reivindicações, integrando processos consultivos, como as conferências, e construindo políticas públicas junto com o governo federal. “Por exemplo, o Minha Casa, Minha Vida Rural”, citou. “Mais que compromisso, tenho retrospectiva de relação com os movimentos sociais.”

Questionada se a parceria com as organizações populares não seria uma espécie de incentivo às ocupações de terra no campo e de imóveis vazios nas grandes cidades, a candidata do PT alertou: “Temos que ter cuidado de não culpar a vítima. Há uma situação social extremada e você culpa o movimento social por reivindicar.”

Para a presidenta, houve um processo muito desigual de ocupação de solo urbano no Brasil, sobretudo nas metrópoles. “Aí, as pessoas vão para as periferias. Como no passado não se investia em transporte urbano, elas ficavam numa situação muito difícil”, ponderou. “Não é o processo de discussão democrático que leva à invasão. O que leva à invasão é a necessidade de moradia. Qualquer outra consideração estão desviando do centro da questão.”

Dilma aproveitou, então, para recordar os números do programa Minha Casa, Minha Vida. “Entregamos 3,75 milhões de moradias. E faremos outros 3 milhões, sabendo que o país precisa de mais três programas desse porte”, reconheceu. “Dá certo porque as famílias não conseguiriam comprar suas casas pelas leis e condições do mercado. As políticas sociais não eram feitas nem na escala desejada nem adequada à renda das pessoas.”

A presidenta também rebateu afirmações de que realizou um governo distante dos movimentos sociais. “Fiz discussões com todas as organizações populares ligadas à terra, reuniões sistemáticas com as centrais sindicais, várias conferências”, enumerou. “Tenho compromisso na luta contra o racismo e a violência contra a mulher. Nessa área, vou continuar fazendo o que sempre fiz.”

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