Dilma afirma que especulação eleitoral na bolsa é algo ‘ridículo’
'Especulação tem limite', diz presidenta sobre sobe e desce de ações motivado por oscilações na intenção de voto. Sobre investigações, descarta tomar medidas com base no 'disse-que-me-disse'
Publicado 19/09/2014 - 17h10
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, criticou hoje (19) o sobe e desce de ações no mercado financeiro com base nas pesquisas de intenção de voto. “Quando a bolsa cai eu falo ‘será que eu subi’? Está ficando ridículo isso. Especulação tem limite. Acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou: eu perco. Acho desagradável o fato de acharem que uma coisa está vinculada a outra”, disse, durante entrevista no Palácio do Planalto.
Desde o começo da campanha eleitoral a Bolsa de Valores de São Paulo registra oscilações calcadas nos resultados de Dilma e de seus adversários em pesquisas de intenção de voto. No geral, consultorias e investidores apostam que ocorre alta quando a petista apresenta queda, e baixa quando é notado um crescimento da presidenta na disputa.
Os movimentos no mercado financeiro repetem eleições passadas, e fazem lembrar em particular a de 2002, quando foram registrados movimentos bruscos baseados no desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, ações de empresas públicas, em especial Petrobras, Banco do Brasil e Caixa, têm registrado oscilações e um nível de negociação acima da média – no geral ocorre valorização quando se nota crescimento de Marina Silva (PSB), associada a uma agenda mais liberal na economia, com redução do papel dos bancos públicos e do investimento direto em infraestrutura.
Durante a entrevista de hoje, repórteres perguntaram a Dilma em Brasília a respeito de duas supostas denúncias de corrupção. A primeira, trazida hoje por jornais de São Paulo, sobre a entrega de panfletos pelos Correios sem registro de controle. No total, 4,8 milhões de panfletos teriam sido distribuídos pela empresa.
A petista afirmou se tratar de mais um “factoide de campanha” e garantiu que sua campanha não encontrou, até o momento, nenhum erro na operação. “Me dê de fato quais são as provas. Não adianta me dizer que é ilegal se não disser aonde falta nota fiscal”, criticou. “O que não é possível é esta prática sistemática de lançar que está irregular, não provar que é irregular, e depois, quando descobre que não é irregular, não dá o mesmo destaque.”
Depois, Dilma foi perguntada novamente sobre as denúncias de irregularidades na Petrobras, e se saiu com a resposta de que atualmente os órgãos de investigação e controle estão operantes, uma diferença em relação ao que ocorria antes dos governos do PT. Ela defendeu a ideia de que, como presidenta, só pode se basear em apurações feitas pelas entidades autorizadas a apurar.
“Quando sai uma denúncia na Veja, ou sai em qualquer outro jornal, não tomo medida, porque sou presidenta da República, baseado no disse-que-me-disse”, afirmou. “Não reconheço na revista Veja e em nenhum órgão de imprensa o status que têm a PF, o Ministério Público Federal e o Supremo. Não é função da imprensa fazer investigação. É função da imprensa divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é correta, e eu não prejulgo.”