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Psol recomenda a eleitores de Luciana Genro que não votem em Aécio Neves

'Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à candidatura do PSDB', afirma nota, que classifica tucanos como representantes diretos dos ricos. 'O jeito de governar significa verdadeiro retrocesso'

PSOL

Enquanto Luciana não anuncia posição oficial, lideranças do Psol manifestam preferência em Dilma

São Paulo – O Psol divulgou na tarde de hoje (8) nota em que pede a seus eleitores que não votem no candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, rival da presidenta Dilma Rousseff (PT) no segundo turno das eleições. “Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura”, afirma o texto.

“Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina”, continua. “O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso.”

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De acordo com a nota do Psol, a criminalização das mobilizações populares e das populações mais pobres empreendida pelo governo tucano em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reeleito com 57% dos votos no primeiro turno, coloca os psolistas em “oposição frontal” ao projeto defendido pelo PSDB.

A nota assinada pelo partido não menciona o nome de Dilma Rousseff senão no título: “Seguir lutando para mudar o Brasil. Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio”. Em entrevista à RBA ontem (7), lideranças do Psol manifestaram preferência pela candidata do PT no duelo com Aécio Neves, não porque estejam de acordo com os rumos tomados pela presidenta em seu governo, mas porque acreditam que uma vitória do tucano pode ser desastrosa para o país.

Essa opinião é compartilhada, por exemplo, pelos deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol-RJ) e Edmilson Rodrigues (Psol-PA), pelo candidato do Psol ao governo de São Paulo, Gilberto Maringoni, e pelo filósofo Vladimir Safatle. O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) e o candidato ao governo do Rio de Janeiro, Tarcísio Motta, também reputam uma vitória de Aécio como “atraso”, mas esperam sinalizações de Dilma aos movimentos sociais para declarar voto na candidata do PT.

Em entrevista à Agência Brasil, hoje (8), a candidata do Psol à Presidência da República, Luciana Genro, seguiu uma argumentação parecida. “O que temos de consenso é que não daremos nenhum voto para o Aécio, que evidentemente significa retrocesso. Isso não significa apoio a Dilma. Tem muitos eleitores do Psol que vão declarar voto nulo, por exemplo.”

A nota do partido comemora o quarto lugar obtido por Luciana nas eleições, com 1,612 milhão de votos – 1,55% dos votos válidos. “Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil”, comemora. “Conseguimos dobrar a representação parlamentar do Psol, que alcançou cinco deputados federais e 12 deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos.”

Na avaliação do partido, o projeto defendido durante a campanha sai fortalecido das urnas, uma vez que as eleições, acreditam, foram marcadas pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. “Nada disso teria sido possível sem a militância do Psol, que fez a diferença e conquistou esse expressivo resultado.”

Leia a nota na íntegra:

Seguir lutando para mudar o Brasil. Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio

O Psol cresceu nas eleições de 2014. Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil. Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral. Conseguimos dobrar a representação parlamentar do Psol, que alcançou cinco deputados federais e doze deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos. Nosso projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. Nada disso teria sido possível sem a militância do Psol, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado.

Cumprimos o nosso papel, apresentando a melhor candidata e a melhor proposta para o Brasil. Luciana Genro constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um enorme patrimônio de todo o Psol. O programa que defendemos é o programa necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre da exploração e de todos os tipos de opressão. Esta foi nossa principal missão política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.

Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto. Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina. O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas  e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso. A criminalização das mobilizações populares e dos pobres empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita. Assim, recomendamos que os eleitores do Psol não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura.