Comunicação

Programa de Dilma expõe censura de Aécio contra imprensa mineira

Jornalistas narram controle para impedir que temas desfavoráveis ao tucano venham à tona e perseguição contra quem tentou furar o cerco. 'Simplesmente castraram a liberdade de imprensa', relatam

Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil

Aécio é visto por grupos que lutam pela democratização da comunicação como um inimigo da liberdade

São Paulo – O programa eleitoral de Dilma Rousseff na televisão abordou hoje (14) a questão do controle de Aécio Neves e do PSDB sobre a imprensa de Minas Gerais. O tema foi tratado em meio a exemplos de por que o candidato tucano ao Palácio do Planalto acabou derrotado pela candidata do PT à reeleição em seu estado no primeiro turno das eleições.

Segundo a campanha da presidenta, Aécio “levou a imprensa mineira com mão de ferro”, perseguindo e processando jornalistas. O programa exibe trechos de reportagens que dão exemplos de profissionais demitidos por motivo de censura.

“Simplesmente castraram a liberdade de imprensa, fazendo com que Minas, durante doze anos, tivesse todos os atos negativos escondidos”, diz o jornalista Geraldo Elísio Lopes, um dos três entrevistados pelo programa petista a respeito desta questão. “Na medida em que os mineiros tiveram conhecimento de todos estes absurdos, os mineiros deram o seu recado nas urnas.”

A também jornalista Eneida da Costa, ex-presidenta do Sindicato dos Jornalistas de Minas, diz que no estado todos os profissionais da comunicação tinham conhecimento da denúncia sobre o aeroporto de Cláudio, mas jamais puderam publicá-la devido ao controle exercido pela família Neves. Só este ano o caso veio à tona em uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo que mostra como o terminal foi construído em terras de um parente de Aécio usando recursos públicos.

A relação entre Aécio e a imprensa é tema recorrente nesta campanha. Em setembro, o candidato do PSDB moveu ação tentando cassar os perfis no Twitter de 66 comunicadores independentes acusados de calúnia. A alegação do tucano era de que os comunicadores são, na verdade, “robôs”, ou seja, perfis falsos criados para disseminar mentiras. A ideia foi prontamente criticada pela rede social, que afirmou que o político tentava usar o Judiciário como instrumento de perseguição dos cidadãos, conduzindo a um “Estado policialesco”.

Ontem foi a vez de o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé citar o candidato como inimigo número 1 da liberdade de expressão no país. “São incontáveis os casos de intervenção direta do tucano nos veículos de comunicação e nas redes sociais para impedir a publicação de notícias negativas a seu respeito ou sobre o seu governo”, diz o Barão de Itararé em nota.

“A censura praticada por Aécio Neves assume várias formas: a ligação direta para os donos dos veículos de comunicação, perseguição a jornalistas e comunicadores sociais e ações judiciais para impedir publicações e retirar conteúdos da internet”, afirma o centro, citando duas ações, do candidato e de seu partido, para retirada de conteúdo virtual.