Outra vez

Marinho diz que disputa entre Dilma e Aécio será dura e marca diferenças de projetos

Coordenador da campanha da presidenta, prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, avalia que o PT se descuidou ao não desconstruir a candidatura do tucano no primeiro turno

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Marinho lembrou que, antes dos governos petistas, o Brasil enfrentou uma situação de forte desemprego

São Paulo – Uma disputa dificílima. É como Luiz Marinho (PT), prefeito de São Bernardo do Campo e coordenador em São Paulo da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, definiu o embate entre a petista e o tucano Aécio Neves, que se dará no segundo turno da eleição presidencial. A avaliação foi feita em entrevista concedida hoje (6) à Rádio Brasil Atual.

“Nós tínhamos consciência disso o tempo todo, mas creio que o resultado da presidenta no primeiro turno não deixa à margem a possibilidade de ganhar no segundo turno, assim como em 2002, 2006, 2010”, ressaltou.

O coordenador analisa que esta eleição é cercada de muitos episódios “não desejados”, como a comoção com a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que influenciou o humor do eleitorado. Ele acredita que o PT perdeu muito com a situação, mas também admite que a campanha empenhou-se em desconstruir Marina Silva e “descuidou” de Aécio.  “Na reta final, creio que nos descuidamos de desfazer a candidatura do Aécio, concentramos na Marina, e ele acabou entrando nesse vácuo. Se não fosse isso, talvez a gente tivesse liquidado no primeiro turno”, comentou.

Sobre a votação de Marina Silva, Marinho usa a região do ABC Paulista para apontar um cenário em que a candidata do PSB tirou votos tradicionais do PT, que podem voltar para o partido no segundo turno. Por exemplo, em São Bernardo do Campo, a candidata subiu de 19% para 25% e, em Mauá, de 20% para 36%.  “Aqui (no ABC), ela tirou muito voto natural da Dilma, voto nosso, que acabou migrando para ela”, destacou.

Diferenças

Luiz Marinho lembrou que, antes dos governos de Lula e Dilma, o Brasil enfrentou uma situação de forte desemprego, justamente num governo do mesmo PSDB de Aécio Neves, com o comando do então presidente Fernando Henrique Cardoso. “No ABC, nós sofremos muito com isso. Depois, nos governos do PT, fizemos muito, apesar da forte crise global. Se você olhar para a Europa, com desemprego, e o Brasil conseguindo ter crescimento de renda e toda a sinalização do adversário de que precisa conter isso, quando nós temos que lutar por mais conquistas sociais, pelo emprego, tem um diferença enorme entre nós e eles”, enfatizou.

O coordenador de campanha da presidenta reforçou: “É evidente que o governo quer controlar a inflação sempre porque quem perde é quem vive de salário”. Contudo, ele também disse que as conquistas sociais e o emprego são questões fundamentais que devem estar na pauta para mobilizar a população no segundo turno.

“Apesar de eles (o PSDB) não terem coragem de falar que o Bolsa Família vai acabar, é nisso que eles estão pensando”, salientou Marinho.

Em São Paulo

Algo que dificultou a votação de Dilma em São Paulo, na visão de Marinho, foi o chamado “segundo palanque” do PMDB, partido do vice-presidente da República Michel Temer. A sigla poderia ter garantido à presidenta o espaço de dois palanques no estado, já que teve Paulo Skaf como candidato ao governo paulista. Porém, os peemedebistas não deram apoio efetivo à petista, que tinha Alexandre Padilha como candidato oficial no estado.

“Em vez de fazer campanha, atrapalhou muito. Procurei dialogar com o candidato Skaf, mas não tive a  possibilidade. Nós temos que fazer o balanço pós-eleição do PT no estado de São Paulo para construir um debate, mas agora é a hora de reeleger a Dilma”, afirmou Marinho.